21.12.15

não deixa, moça,
que os sentires ruins te coloquem para baixo,
que façam parecer que a vida não vale,
não deixa que te entristeçam.
cola no que é bom,
em quem te faz bem,
e não importa quem.
nesse momento, moça,
o que precisas não é de julgo,
é de amor.
e quem te dá amor de melhor
é quem escolheste para amar.
então, tem força, moça.
saudade tem, de quando era tudo ok,
de quando quem ama(va)s ainda estava lá.
doeu quando te viraram as costas,
ainda dói.
mas isso passa, moça.
deixa ficar quem quiser ficar,
aproxima e carinha quem quiser ficar.
o tempo tudo corrige,
e amizade a gente não exige,
confiança a gente desenvolve,
em abraço a gente se envolve.
eu sei, moça, que não te arrependes,
apesar de muitas vezes pensares e refletires:
"será que sou alguém tão ruim?".
não, tu não és,
por mais que queiram dizer isso a ti,
tu não és.
nada fizeste.
apenas ficaste, ajudaste quem precisava,
por confiares.
e confias.
e ele em ti.
deixa estar, moça,
o que é para ser de vocês está sendo
e tanta coisa ainda será.

20.12.15

passei muito tempo da vida me achando culpada por estar feliz. como eu poderia estar feliz se alguém estava passando por alguma dificuldade em algum lugar da Terra? como eu poderia estar feliz se eu sabia que uma amiga estava triste? como eu poderia estar feliz se, sei lá, algo não estava bem com alguém?
mas nunca o mundo tá 100%. então, eu me sentia culpada toda a hora. ainda me sinto um pouco. eu reclamo que to sem grana e penso em alguém que não tem nada. eu reclamo que a comida tá fria e penso em alguém que nem tem isso. eu vou me culpando por cada pedacinho de mim.
quando eu encontrei pessoas que considerei amigas, principalmente no meio em que as encontrei, fiquei muito feliz. muito mesmo. são pessoas em que eu podia confiar todo o tempo. cada uma com seu jeito. eu também tenho o meu, também não sou fácil. erro, falho, falta sempre óleo nas minhas embreagens. eu sou gente.
e quando eu decidi estar do lado de quem até hoje está comigo e me acolhe, eu fiz uma escolha pesando várias coisas, mas pautada também em minha intuição. eu confio em mim. parei de me culpar por ter uma sensibilidade grande e quis começar a sentir. e senti alucinadamente. enquanto me viravam as costas, eu me virava para sobreviver dia após dia num mar de merda em que eu escolhi me enfiar, mas que nunca eu imaginei que seria mais difícil para mim do que para quem realmente estava errado. fui julgada como se aquele crime tivesse sido meu, mas aparentemente meu crime foi ter escolhido ajudar a quem eu achei que precisava.
e deu certo. não me arrependo de ter ajudado, se eu pudesse estar mais perto, estaria, pegaria no colo e deixava me molhar com as tantas lágrimas que escutei. isso só nós dois sabemos. isso só nós dois sentimos. e não estamos errados por isso.
se eu estou errada por simplesmente escolher quem, para aquelas pessoas, eu não poderia, então eu estou. estou errada e fodidamente feliz. ele me deixa alegre e para cima como eu nem pensei que poderia, e faz isso porque me adora. não estou sendo convencida, isso é o tipo de coisa que só  eu sei que passo porque vivo e sinto.
não deixei de ser quem eu sou, não deixei de pensar o que penso, de seguir meus ideais - que, aliás, existem há muito mais tempo do que a própria internet -, não deixei de ser amiga de meus amigos, não deixei de ser feminista loka que defende mulheres, não deixei de me interessar por outros caras, não deixei de viver minha vida. o que eu deixei foi de ter paz, a nível de simplesmente ter que vir dizer tudo o que me aflige por não me deixarem viver do jeito que escolhi.
não tô fazendo mal à ninguém, e tenho certeza de que elas, as pessoas, acham que também não estão achando que estão fazendo mal à ninguém. mas estão. estão fazendo mal a mim, de não me deixarem. uma vez minha mãe foi chamada ao colégio que eu estudava, há dez anos. uma menina que eu conhecia, sei lá, desde a segunda série do fundamental, não deixava de me atazanar sempre que podia. minha mãe? disse o que já era uma das minhas maiores características: "se ela fez alguma coisa, por ter certeza que fizeram antes a ela. taí uma menina que não guarda mágoa de ninguém, que é tranquila, que não mexe com ninguém". e continuo assim.
só não pise no meu calo que não tenho sangue de barata.
já sei que para vocês eu sou a errada, eu sou a escrota, eu sou a defensora de macho errado (e só não digo o que vocês exatamente me disseram para não expor nem a mim, nem a ele, pois não tem necessidade), eu já sei que vocês acham isso.
mas agora que já sei e vocês já sabem: vamos viver nossas vidas em paz?

porque eu não tenho vergonha nem culpa nem uma mais de estar em outro lugar no qual não serei tratada mal, não tenho vergonha nem culpa das minhas escolhas, não tenho vergonha nem culpa nem uma de estar feliz do jeito que estou - apesar das crises de depressão de vez em quando, que serão devidamente tratadas no ano que vem -, não tenho vergonha nem culpa de ter escolhido quem me acolheu tão bem. eu poderia ter ficado com as duas coisas, mas não acho que vocês iam querer. então escolhi. e não me arrependo.

não me culpo mais por ser feliz e ninguém vai tirar isso de mim.

22.11.15


não saber é o desespero, mas também a graça.
não ter certeza de nada é o que me faz querer correr. e ficar.
ter medo do que vem é ao mesmo tempo querer esperar.
a gente nunca sabe do futuro, mas tem vontade de olhar.

pagar para ver. esperar o tempo esclarecer.
eu sinto tudo isso junto. eu me sinto sozinha.
fraca e forte ao mesmo tempo. sem te ter, sem te ver.
sei de muita coisa agora, e aguardo, fico para ser.

sei que quando eu precisar, só terei a mim mesma.
sei que eu tenho que ser forte porque eu preciso de mim mesma.
eu preciso de mim mesma sempre e tenho que ser forte.
não porque gosto. porque quero. é porque preciso. eu sou meu norte.

mas, ao mesmo tempo, confio em ti.
e fico pensando se realmente ninguém vai estar lá.
se não estiver, tudo bem, eu já desconfiava.
mas... e se estiver? e se tu fores o que me faltava?

não saber é o desespero, mas também a graça...

11.11.15

7.11.15

não sei exatamente a razão,
mas ele mexeu comigo, tudo aqui dentro,
ele parece estar em minhas entranhas,
parece caminhar em meu coração.

e o que eu ouço é o som
de seus pensamentos,
o que eu tenho escutado é bom,
o que eu tenho visto é um vento.

frescor que sopra em minha direção,
como se não me houvesse mais,
é que eu sinto tuas mãos,
e elas estão em meu rosto em paz.

acabou, não tem mais jeito,
tu já me existes mesmo sem quereres.
já estão todos os sentires no peito,
já estão todas as paixões em meu leito.

e viveste sem mim e agora:
que estou em ti, e agora?
e agora que tens o mundo afora,
e agora que fiquei sonora?

o que farei, o que me cabe?
eu queria saber o que tu sabes,
eu queria estar onde tu dormes,
eu queria ser o que te liberta,
o que te livra de uma noite insone.

como essa, a uma e quarenta oito,
tento chegar onde nunca estive,
tento dizer o que já repeti:
estou aqui.

6.11.15


tão longe de mim e eu não saberia ao certo como seria se ao menos perto estivesse
em verdade, mesmo sem saber, eu espero por isso
na verdade mais ainda, mesmo sem saber, eu sei
o que era aquela vida enquanto eu vivia a minha?
bem parecia que o tempo estava só esperando por isso
e a rasteira do destino pronta para nos pegar
eu respiro e suspiro o tempo todo
a culpa, pela primeira, não existe, eu apenas
apenas
respiro e suspiro
em uma coisa dessas, que estou dentro
que estou contigo vivendo
não há culpa
tu me fizeste perceber um algo a mais
quando eu pensei que não tinha mais o que aprender
e todo o dia te ter por perto, mesmo longe...
isso me deixa feliz que eu não saberia explicar
se tem uma coisa que eu sei de minha vida
é que não seria a minha vida se fosse fácil
parece que tudo o que vem para mim é para testar
a paciência, a tolerância, os suspiros
quanto mais cresço, mais desconstruo
aquilo tudo que pensava antes, veio se transformar em algo novo
ou pelo menos algo diferente do que já foi

e eu queria ao menos conseguir lembrar se aquele beijo
foi do lado de fora, à beira do portão, no frio
ou se foi dentro, no sofá vermelho que todo dia vejo

eu não queria que nada se apagasse
eu não queria que isso me apegasse
mas eu estou assim do jeito que estou
please don't go, i love you so, i love you so

20.10.15



não segurei


tu sendo tão lindo
tu sendo tão eu
tu com estas sardas
tu com este ser
com o corpo que desejo
não segurei
explodi e estraguei
e quando não estrago?

cresce e vai crescendo e eu me torno idiota
eu queria tanto que estivesses aqui
mas em minha autossabotagem
deixo-te longe
por estares longe
e afasto ao invés de trazer pra mim
porque imediatizei

desculpe
de verdade
pareço agora algo que não sou
eu me transformei
eu me apaixonei
sei lá se é paixão
mas ficaste mais que outros
e aí diferenciei

e não sei mais de nada agora
eu só sei que te queria
mas agora estraguei
e não sei sequer se eu me desculpei

19.10.15


tua guitarra fala

meu peito grita

a boca cala

e não periga

o som da sala

o silêncio não briga

leva carinho na mala

meu corpo se agita


e tu me tocas

não sei mesmo explicar

o sorriso tímido

a se admirar

erras o acorde

acertas onde dormir

repousaste já aqui

enquanto a guitarra eu ouvi

9.10.15

pertin

não me procure
já me perdi
já me criei
e revivi

não me encontre
não estou aqui
estou em tudo
eu sou o mundo

não fique longe
eu sou febril
eu sou fervente
alguém que explodiu

não vá embora
ou faço guerrilha
me rebelo em armas
a milhas e milhas

distante

mas me procure, sim
e me ache, já me achou
e te perde comigo
no meio do show

no gozo do lençol
de olhos fechados
bem ao meu lado
com riso afrouxado

venha cá, venha cá
tem carinho é de sobra
e pensando em ti
o menino de cima

o menino que tava era do lado
daí vim pra cá
e me perdi
mas a gente se achou

pertin, pertin

7.10.15

carta anônima.

então eu entrei no quarto de quase ninguém e lembrei de ti aqui quando aqui pertenceste. existem momentos na vida que sinto tão mágicos, tão surreais. é como se eu soubesse, tivesse plena certeza de que, em 1 dia, em um dia, o encantamento não seria à toa.
é te olhar e te achar onde não posso sequer te encontrar, ver que já passaste por meus caminhos e que antes de saber por onde passas eu já desejava me despejar. é ter certeza que eu estar (mais uma vez, mas menos do que aparento) só pensando em ti e revivendo aquele dia pode apenas significar algo que poderia (pode?) ser.
e mesmo que nem seja, foi. é aquela sensaçãozinha boa de um futuro que só existe em mim e me basta.
é ter a lembrança: que por mais quebrada que eu tenha sido, ainda me sobram forças para querer, sentir e sonhar.

e é aí o ponto: eu sentir tudo isso é suficiente para mim mesma pelo bem que me faz. feliz eu ficaria se a ti também fizesse bem, tudo isso, todo esse leve sentir novo e quente. mas se me faz bem, ah, eu não me importo muito com o que pensas. eu preciso tanto me sentir viva, como agora estou!

e isso ninguém me tira :)

29.8.15

minha alma grita
insone
e a cabeça gira
com dor
eu me pergunto o que pode estar acontecendo
mas eu só tenho vontade de voltar pra casa
eu sinto tua falta, amigo
já faz tanto tempo assim?
o que aconteceu?
onde estás?
onde estamos?
eu começo a duvidar.
eu começo a duvidar do meu lugar.
e a alma silenciosamente grita.
e meu grito sai baixinho, num gemido.
deixei tudo para trás?
não há como deixar para trás.
estou sozinha.
quero minha casa,
até onde alguém pode aguentar sem um abraço?
até que parte meu corpo me segura?
eu me pergunto se é isso mesmo.
se é o tempo.
se é fraqueza.
se é saudade do que nunca mais acontecerá.
eu talvez só queira colo.
e fugir para casa.

2.8.15

há um gosto na madrugada
e um cheiro na ponta dos dedos
onde um mundo foi um nada
e te quis em meus pelos
mas a sinestesia complicada
não diz nada além do cedo
em que acordei ao teu lado
o qual te agarrei pelos cabelos

ao qual sofri a dor de sê-los

de te ser
de tecer em ti
ser em ti
meio, não fim

31.7.15


sabes aquele tempo tão bom onde a vontade era tanta que tinhas que falar o tempo todo?
sinto falta o tempo todo agora.
agora começou a fase do silêncio.
o silêncio...
sempre me fez bem, trouxe paz... vim em busca dele.
mas não faz bem quando o que quero é a vontade.
é a fala,
dói mas passa.
e enquanto não passa, sinto falta o tempo todo.

26.7.15

eu,
que tenho a maldição de tudo querer saber,
hoje olhei o passado e percebi:
preferia não ter conhecido.
preferia que tudo tivesse ficado na imaginação.
preferia que tudo não fosse.
um nada.
preferia que
tu
não tivesses sido como foste.
assim, sei lá,
talvez eu não estivesse confusa agora.
seria mais um casinho passageiro.
mais uma coisa superficial.
seria algo meio que nada.
agora cresceu e cravou o coração,
fez fazer um sentir,
fez sentir um milagre.
o mesmo milagre que é ainda sentir
trouxe as consequências do sentir.

a consequência de sentir é sentir!

19.7.15

"enough is enough"

"enough is not enough"

?

.
.
.

18.7.15

há 1 ano e durante.



faz 1 ano.
e é como se um grito aqui dentro de mim quisesse ecoar, mas não consegue.
a lágrima secou, não consegue mais cair.
e por mais que seja tão comum a tristeza, eu continuo evitando.

mas já faz 1 ano em que eu estive aqui pela primeira vez.
após esta, foram mais três antes da vinda definitiva.
como um amor certeiro, a cidade de pedra me cativou, acalantou.
eu não sei explicar, mas como todas minhas não-explicações, há cunho afetivo.

há 1 ano eu atravessava de metrô e chegava na São Bento.
e o bairro da Liberdade sempre me foi tão bonito.
eu te vi, amigo, no dia 17: não esqueço.
e que saudade de ti, não pude desfrutar a cidade contigo.

apesar disso, há 1 ano eu tive a certeza.
aqui era meu lugar, pelo menos eu tinha que tentar.
mas agora sinto a saudade dos dias que foram.
e a saudade dos dias que não vieram.
não sei o que a gente faz com essa angústia.

queria conseguir chorar, mas como há 1 ano, não consigo.
será que chorar tornaria tudo mais simples?
penso nas coisas que me aconteceram de ontem pra hoje.
é, pequeno, tu me fazes falta. e eu só queria te abraçar.
pular em ti e gargalhar. é bom, não é?

o que fazer hoje na cidade?
faz 1 ano que estive aqui a primeira vez,
mas faz apenas o durante em que agora aqui vivo.
e o que fazer?
o que fazer dessa angústia?

ah... a gente vive, não tem jeito, não.
vai vivendo, até que vive bem.
respira fundo e vai,
ao som do próprio coração...


16.7.15

florir
quando não houver mais terra
nem água para regar

sorrir
quando não houver motivo
ou música para dançar

sentir
quando não houver amor
mesmo quando se quer amar

partir
quando necessário for
e pelo eterno continuar

ficar
quando se faz fina a flor
o sorrir com aquele tom
o sentir de estar com

e a coragem 
de viver aqui o que é bom

15.7.15

devaneios acerca do pragmatismo emocional.

queria começar a escrever algo que resgatasse a esperança que sentia em outros tempos, algo que me fizesse brilhar os olhos quando eu relesse daqui a alguns meses ou anos, como acontece em muitos outros escritos aqui. só não sei exatamente como, agora. ando me sentindo meio sem coração, meio fria demais, distante de sentires que mesmo me fazendo mal, faziam bem. havia choro? havia, claro. mas havia também a esperança de um sorriso, havia tanto sentir bom, havia calor, havia batimento cardíaco forte. havia surpresa, havia mundo, havia mais vida. não sei que horas ou quando eu me transformei nesse ser tão absurdamente comum. que leva tudo na naturalidade. onde um gostar, por mais torto que seja, é inacreditável. não consigo mais acreditar nas coisas. por que? por que eu me deixei virar alguém tão sem graça, tão arisca aos sentires, logo eu que sentia tudo tão intensamente?... eu queria tanto poder me deixar dizer tudo o que tenho a dizer, tanto acreditar no amor mesmo ele não sendo o mesmo de antes. ao contrário, parece que me fechei tanto, que me enfiei tanto em mim mesma que eu me irrito com demonstrações de afeto. e não sei se por medo, isso sim é mais assustador: eu já vi, ouvi e vivi algumas coisas que não sinto mais tanto medo. eu não sinto nada.

eu não tô mais sentindo nada e tudo o que eu queria era destravar. era poder me deixar sentir o que muito provavelmente estou sentindo e que luta de frente com o não sentir nada. não sentir nada é horrível e a gente nem percebe, porque, sei lá, a gente não sente que não sente também. eu queria parar com isso e me deixar apaixonar, me deixar levar um pouquinho, pisar num terreno estranho mesmo de olhos abertos. é isso: eu queria ter a coragem de, mesmo sabendo que o terreno é complicado, pisar assim mesmo, vendo, sentindo.

vai ver que não é exatamente não sentir nada. é sentir tão absurda e forte prudência de não se deixar sentir nada que a coragem de ainda tentar sentir algo tá quase esvaindo.

talvez eu perceba que não depende dele me salvar disso, que não depende dele que eu tenha coragem, pois isso é algo da minha vida. talvez eu não precise ser pragmática a ponto de sempre e para tudo querer um resultado. talvez eu possa realmente só sentir.

talvez eu tente me salvar, qualquer hora dessas.

11.7.15

O mundo, meu bem,
é um pequeno contratempo.
O amar, então,
é uma leve complicação.
Os que muito querem, eu aprendi,
nada têm.
Mas o que é ter nesse mundo,
pequeno contratempo,
onde amar é complicado?
Eu não sei mais de nada,
o que sei soube sem querer,
e o que quero saber,
permanece calado.
Por tudo ser assim,
tudo tão denominado,
tenho frio na barriga,
um peso enorme de passado.
Eu mesma me regrei,
porque eu preciso me obedecer,
não ser escrava de ninguém,
a não ser de minha própria razão.
Como não sei de nada,
deito a cabeça aqui e penso.
Em que? Não sei,
que o mundo é um pequeno contratempo,
e amar é uma leve complicação.

E quem consegue fugir?

9.7.15

come away with me

confesso que sempre me imaginei do jeito que estou agora. gostaria de ter tudo exatamente como planejei, isso inclui um emprego e a sorte de um amor tranquilo, mas acabo por pensar muito e pensando muito concluí que já tenho boa parte de como sempre me imaginei.
sim, eu deveria estar dormindo e quem sabe indo trabalhar amanhã, porque sabe lá deusa como que vou pagar o aluguel mês que vem, mas tenho uma noção bastante racional e cabível do quanto eu não desisto fácil quando quero uma coisa. só preciso me esforçar um pouquinho mais. foi uma semana confusa, serviu um tanto para descobertas e outras coisas como apenas confirmações. é só a primeira semana longe de tudo e de todos.
também confesso que sempre tive uma relação misteriosa com a solidão. por tantas vezes quase enlouqueci, entretanto, creio que não por estar sozinha, e sim por estar sozinha rodeada de gente. nesse momento, estou na sala da minha casa sentindo o vento de uns 15 graus C da madrugada, ouvindo a música que dá título a este texto. e estou gostando. não é como se fosse uma aventura. isso é minha vida. é algo sério, não são férias. e estou animada quanto a isso, apesar de estar com medo. um medo enorme. 
não, não tenho emprego nem a sorte de um amor tranquilo, só que uma coisa tem que ser falada que as pessoas não costumam dar valor... às coisas que somos, não o que temos. até porque não tenho muita coisa mesmo (rs)...
confesso que olhei para a lua e me emocionei e me senti inteira. são sentimentos intensos e variados em um só dia, mesmo assim eu me sinto inteira. eu tô sentindo tua falta, mas me sinto inteira. quero tua solidão da madrugada junto à minha, mas me sinto inteira.
eu não sei desabafar, eu não sei falar sobre isso. eu escrevo tanto e acabo escrevendo sempre a mesma coisa porque simplesmente eu não sei falar sobre isso. eu não sei conversar sobre o quanto pode haver um sentir em mim. e o quanto isso me dá mais medo do que tudo o que já disse antes.

digo muito só para dizer que eu queria muito só dizer come away with me in the night...

3.7.15

encaraste-me
sugaste-me
engoliste-me
gozei-te

o desejo correu a pele que finalmente (te) encontrou



29.6.15

A pessoa que mais amo no mundo são duas:
Elas me fizeram, construíram, criaram, moldaram, mediram, ficaram loucas quando eu desfiz quase tudo e comecei a decidir por mim.
Minha mãe, meu pai, não sei ainda o que será da vida após tantas luas...
Mas saibam que para vocês tudo o que existir em minha alma sempre será para vocês um grande sim.

Por vocês meu mundo é sempre sim, tudo o que quiserem. Amo vocês.

28.6.15

Vem chegando
Vens chegando
Coração palpitante
Palpiteiro
Palpita em sorrisos
Ao meio de vozes distantes
Em meio a vozes constantes
Palpita uma lágrima
Palpitou, palpite, hipótese
Hipérbole e talvez metáfora
De dizer tanto sentir
Senti
Meu palpite é que palpita tanto
Que faltará ar
E o coração de amor misturado
Sossegará...

26.6.15

Ao mesmo tempo que dói
Faz bem
Em se tornar alguém
Em se mudar
Em ir além
Em mudar o ar
Em mudar de mar
Dói a saudade que fica
Faz bem a vontade que vem

17.6.15

Sobrevivendo entre os jazz, a sopa de letrinhas e a voz de vez em vez
Sinto estancar feridas que um dia me sangraram, dores as quais quase sucumbi e traumas que resolveram se curar
Mesmo que o que venha não seja muito, já é muito o que se fez
E espero no aconchego bom e sincero que todo o dia você dá

É meu leve desabafar.

29.5.15

paulistânia

A endorfina que sai do cérebro vai ao corpo, cai na boca em forma de sorriso
A expectativa que viola a alma vem aos pelos em forma de medo e paraíso

12.5.15

O único canto irremediável da Terra

Sabem quando a gente para para pensar na gente mesma? E de repente, nem que seja por um instante, passa na cabeça "eu gosto do que eu sou"?

Estamos longe de viver em um comercial de margarina, estamos longe de sermos as mulheres perfeitas das novelas, estamos longe de não sermos maltratadas de muitas maneiras (principalmente e sempre psicológica), estamos longe de termos um corpo ou uma pele de comercial, estamos longe, muitas vezes, do que poderia ser amor de alguém.

Mas já pararam para pensar o quanto estamos próximas de nós mesmas?

Eu lembrei hoje o que sou e todas as milhares de cicatrizes e não quis mais sangrar. Hoje eu gostei muito de mim.

Every teardrop is a waterfall (toda lágrima é uma cachoeira) - sempre, sempre, sempre.

Que a gente tenha força todos os dias de sermos quem somos.

11.5.15

o último canto aconchegável da Terra

estou reaprendendo a enxergar. a olhar para o lado. a grata surpresa do trânsito fluindo numa manhã difícil de segunda feira. a grata surpresa da senhora sorrindo para mim e passando. a grata surpresa de paradise estar tocando na farmácia. eu costumo acreditar em amor. amor lato sensu, não amor romântico. quando me surgiste, eu não acreditava mais. desde agosto, quando meu melhor amigo faleceu, eu passei a desacreditar em amor. algumas outras quedas até te conhecer e minha alma estava formada: virei pedra. quando vieste, vieste daquele jeito de me colocar no canto mais "aconchegável" do corpo e da alma que poderia existir. mudei meus planos. refiz outros. viajei e todas as vezes que viajei para te ver, seja daqui, seja daí, praí, não me arrependi. é, bonito, a balança pesou. janeiro e fevereiro me mostraram a paciência, mostraram tudo o que eu já havia desacreditado. mas era esse o recado: "estás viva". de quando em quando, morro. mas aí algo me renasce. não exagero ao dizer que foste tu. foste tu mesmo. e por isso, vou te ser grata. a grata surpresa de ainda ser possível o sentir.
foi uma noite difícil. dormi não sei que horas, mas lembro que escutei pássaros cantando. tu me confundiste. e me acalmaste. de todo o período em que terminamos - há exato 1 mês -, hoje, apesar de meu corpo doente, é o dia em que mais me sinto bem. parece que faltava uma peça, faltava algo, faltava saber. sinto tua falta ainda porque eu não queria, em meu egoísmo, largar de mão o canto mais aconchegável que já estive. depois de tanto, tanta coisa que passei, eu só queria deitar em teu peito.
dizer tudo isso a essa altura do campeonato significa duas coisas: a primeira é que eu nada mais farei, pois palavras como essas são meio suicidas (mas não tenho mais nada a perder há tempos) e a segunda é que, por mais louco que tudo seja, por mais distante que tudo pareça... não sinto que acabou. a parte do relacionamento já, não falo disso. mas nós dois. e olha que sou perita em términos. sou perita em futuro. posso prever coisas, sou meio bruxa (rs). a gente não terminou.
enquanto isso, estou reaprendendo. olhar para o lado hoje e ver tanta coisa me fez ver que estou viva. isso, para alguém como eu e no momento em que estou... isso foi incrivelmente aconchegável.

obrigada. e até um dia.

19.4.15

show what I want to show

Escrever por conta de quem não se importa mais comigo me dá raiva.
Ficar com raiva o tempo todo por perceber que estou com raiva por conta de alguém que não se importa comigo me deixa triste.
No fim de todas as possibilidades, eu sofro o sentir. Quem não se importa comigo, não. E isso me deixa atordoada.
É um ciclo aparentemente sem fim, com exceção de que já passei por ele algumas vezes e sei que termina. Mas enquanto não termina, é interminável.
Ele costumava ser um porto seguro para divisão de pensamentos, problemas, sentires, pequenas alegrias. Não porque eu quis que assim fosse, e sim porque eu acreditei quando me foi dito (não só uma, mas várias vezes) "pode falar". Falei, não tudo, claro, eu tenho um pouco da cabeça do lugar. Mas falei algumas coisas e confiei.
Ainda sinto falta disso. Faz falta meu amigo.
Obviamente faz falta o resto também, essas coisas da paixão que todo mundo conhece. Mas o que era confiança e amizade hoje se tornou uma grande saudade.
Sinto falta de saber que podia conversar com alguém que gostava tanto de mim que me deixava falar.
Mas quando eu não pude mais falar, percebi que havia algo errado.
Não saí, não fui embora. Deveria. Quem sabe hoje estaria com menos raiva de mim.
Mas não fui. Escolhi pagar para ver e infelizmente vi o pior. Mas a gente vai se grudando aqui e ali para no fim voltar a ser a gente mesma.
Sinto falta dele, de meu amigo, de quem eu aprendi, dia após dia, a gostar e a admirar, sinto.
Só que não consigo deixar de sentir mais falta ainda de mim mesma. De mim mesma sem essa raiva, esse ressentimento de mim, essa tristeza por alguém que não se importa mais comigo.
Anseio por soluções, pelo tempo que sei que passa. Porque mais do que a ele, eu me quero de volta.

16.4.15

desrelembranças

fiquei por certo tempo me questionando sobre escrever ou não
eu te escrevi uma carta
a carta dizia em duas linhas o que nunca tive coragem
porque eu sempre achei que dizer amor era entregar o ouro
mas eu te disse
afinal, nada mais tinha a perder

tu já te foste
teu cheiro permanece
tua relembrança que passa a toda hora
até mesmo quando descanso ou tento
és tu que ameaças meus sonhos
e me deixa insone
exatamente como estou agora

gostaria com todas as forças
de verdade, para meu próprio bem
que fosse mais fácil, mais leve
mas os danos emocionais e até físicos
são tão visíveis
eu não tenho mais como negar

não que eu tenha tentado negar
mas eu te escrevi tanto
e te sonhei, sem sequer querer
e acordei ao teu lado
enquanto dormia ao teu lado, aliás
e sentia os beijinhos roubados
sonhei contigo também

pode ter certeza, bonito
eu queria ser que nem tu
eu queria poder fechar os olhos tranquila
queria poder parar de sentir saudade
queria que fosse logo
para assim nosso tempos combinarem
não por nada,
mas sentir falta de quem não nos sente
não vale muita coisa

eu não queria me despedir
mas estivemos nos despedindo,
por incrível que pareça,
desde que estive aí na primeira vez
eu estive sozinha após isto
vivendo algo que pensava que existia
apenas com a minha solidão

estou muito cansada de ficar buscando culpas
eu tive culpa por ter tentado demais
ainda não me desculpei por isso
eu te quis
(ainda quero [porém não])
de uma forma que pensei que poderia ser
tu me disseste tanto que poderia ser
eu acreditei
foste meu amigo
foste o cara que eu gostei
o canto mais aconchegável do mundo
mesmo que tão distante

foste tanto que não sei dizer
não sei explicar qual minúcia faz mais falta
tua casa, tua voz, tua pele
aquela intimidade tão natural
tão estranhamente comum
como se mesmo após dois meses ou um
eu tivesse te visto ontem
agora estou há uns 10 dias sem ti
sem teu verdadeiro eu, o de perto
que parece que nunca te conheci
a diferença é que sim
o problema é que te conheci
e tu a mim

eu pensei em escrever aqui
tão abertamente
mas escrever é meu delírio
meu castigo
pensar muito, falar muito
são meus defeitos mais importantes
são as coisas que fazem de mim eu mesma
e eu não vou parar de ser eu mesma
mesmo que tu não sejas tu mesmo
(aquele que conheci)
nunca mais

ninguém vai me impedir
de ser o que sou
ninguém me manda falar menos
ninguém me manda calar a boca
não aguentaste o tamanho de alma que tenho
a mulher que sou
o amor que eu poderia compartilhar

se te culpo?
não por isso
mas por me fazer acreditar que eu poderia acreditar
a gente não brinca assim com alguém
a gente não brinca assim com uma alma como a minha
porque nessa brincadeira
eu te amei
e te amo

porém foda-se

e com isso quero dizer:
sinto saudade
mas melhor sozinha
do que solitária acompanhada

quero dizer:
quero teu beijo
quero o início
quero o bonito do começo
mas que sei que já passaram

quero dizer:
eu te amo
mas amo mais a mim
(e a qualquer hora eu deixo de te amar)

---

sonhei com a casa
de novo
eu estava sozinha

where we are where we are



13.4.15

Dancing with my own shadow

Aquela casa que não sai da cabeça. Os monstros todos criados e recriados de uma imaginação confusa, quase infantil ou mesmo quase tão evoluída que nem cabe dizer.  Mas a casa persegue os instintos, persegue meu racional, além do cheiro. Quero desesperadamente pedir, gritar, chorar "socorro, alguém me ajuda", mas estou muda. Um silêncio que nasce nas entranhas, sobe pelo estômago e estaciona na garganta e nos olhos. Nunca estou pronta. Nunca estaria. O cheiro e a casa não me deixam estar pronta para isso. Então, fico muda. Sem coragem, sem certeza, sem cor. Com saudade.

8.4.15

Lakehouse

"Onde estamos?"

Essa é uma pergunta que não tenho resposta.
Tu estás cada vez mais dentro de mim, em pensamentos constantes, de quando em quando. Mas sempre tu estás. Existe tanta vontade que faz com que o mínimo pensamento se transforme em saudade. E essa coisa me toma, abafa, atormenta. Não sei lidar com distância. Talvez por isso eu queira tanto estar perto, no leito, no peito.

Sinto saudade do início.

Sinto saudade de ti.

Sinto.

Aquilo que prometi não dizer, sinto.

29.3.15

Quem viu o que não deu
Pode ter assistido o que viveu
Mas sendo livre que se fez
Olhos abertos e acordei

São as palavras que enxerguei
Que me ligaram a um bem
Só a beleza de quem sofreu
Vira o suspiro que só meu

Respiro! Fundo e longo
Com a verdade desse ponto
Entendo e dou graças aos céus
Mesmo sem acreditar nesse deus

Marcou e foi profundo
Eu não sou nada de teu mundo
E assim posso ser livre
Como o pássaro que em mim

vive

20.3.15

A cidade

A cidade sente tua falta. Chora bruscamente a falta. Deixa cair a lágrima. Não esconde a tristeza. Faz silêncio. Venta forte. A cidade se mostra em tempestade. Tem essa cidade em mim que olha a cidade fora e pensa na falta que faz, pois outra cidade te tomou. Outra cidade em ti. A cidade vive nublada. Sem sinal. Sem carinho. A cidade que construí em mim sente tua falta.

18.3.15

Leve desabafo do meio da noite

Meu silêncio fala.

E não fala pouco. Meu silêncio grita.

Eu cansei de colocar a culpa no cosmos. Nos signos. No destino. Eu cansei de colocar culpa.

Porque realmente a vida anda, a vida passa e eu não vou assistir pela janela.

Eu deveria acreditar, porque não há razão de não acreditar em ti. Mas eu prefiro acreditar em mim. Eu preciso ser quem eu digo e quero ser. Eu preciso ser empoderada.

E se a paixão me deixa de ponta cabeça, eu tenho que ser forte e voltar aos pés no chão. Tu me deixaste virada e revirada e ainda estou assim, mas eu não tenho tempo, não tenho muito tempo de esperar. Eu quero o que posso ter e se não posso, eu prefiro não querer.

Afinal, eu ainda sou a menina que gostas? Meu desabafo é este. E eu, em silêncio, mando-te sinais. Mando alma. Mando vida.

Mas não falo.

Calo.

Meu silêncio fala.

E quando eu emudecer de vez, não há volta.

Leve desabafo do meio do dia.

Sempre que há um adeus, o coração chora. A não ser que quem esteja se despedindo não se importe. A não ser que não esteja se despedindo.

Aqui em meu peito, já existe meio que um adeus. Uma despedida forçada, pelas circunstâncias (?), pela distância (?), pela estranheza que ficou nos últimos dias (?), pela impaciência de ambos (?), cada um sendo impaciente do seu jeito.

Aqui, como vejo, a vontade que eu tinha de ser algo para ti vai (infelizmente) diminuindo, assim como tua vontade de que eu fosse algo para ti, também. Sei - mas não posso ter certeza absoluta, pois estou longe - que já há alguém. Eu desconfio. Sei e desconfio. Não costumo errar.

Não seria problema nenhum, caso eu continuasse sendo aquela que tu gostas e meu tratamento não mudasse. Mas mudou. Devido a outros sinais, eu só posso pensar que há alguém. E não posso fazer nada.

Mas a despedida dói e vai doendo de pouquinho. Eu lacro os lábios, respiro fundo, tento pensar em outra coisa. Eu faço tudo, menos o que eu queria: que era tirar essa dúvida de dentro de mim. Estamos nos despedindo?

Deixo pro destino? Confio nos instintos?

Estive fazendo isso desde que te conheci e pelo que me consta nunca me arrependi. O que fazer? Creio que apenas confiar.

Confiar em mim mesma e no futuro. Em ti, já não sei, pois não parece haver mais nada do lado daí.

15.3.15

Temo te
Amar
Temo-te, amar

Mas te amo mesmo ao temer
Te amo mesmo sem ser amor
Temo
Te amar

12.3.15

Ainda mais ou menos no silêncio

Quero confiar que o que sinto é um tanto recíproco. Quero sossegar a vida no coração por saber que ele pode ser tranquilo...

Mas que mentira, um coração nunca vai ser tranquilo. A vida dá voltas e voltas e sempre está mexendo o coração, entretanto...

Quero estar em paz. Estou em paz.

Quero parar de dizer tanto que sinto saudades. Quero não ter necessidade de bom dia e boa noite.  Quero ser quem eu era antes de te conhecer.

Mesmo que eu não seja mais a mesma pessoa. Mesmo que tua chegada já tenha mudado o rumo da inércia de meu coração.

Quero contradições que não são tão diferentes. Eu quero estar tranquila mesmo sem saber que estejas longe, quero continuar confiando e sendo o que sou, diferente do que era mas igual ao de sempre.

Quero mais teu tempo, mas entendo que não dá. Espero que seja falta de tempo. Espero não ser a última coisa da lista. Eu não aceito mais ser meio, eu sou fim.

Quero só te dizer que sinto falta das respostas, do carinho, das palavras, dos corações azuis e verdes. E que entendo se for falta de tempo. Mas só se for isso.

Quero ficar no silêncio para que possas sentir minha falta. Quero falar para que eu não sinta mais a tua.

Quero tanto e no fim quero só o que eu já tenho.

Alma tranquila, queixo para cima, coração quieto e força para segurar a saudade.

9.3.15

Silenciosamente

Penso muito e como consequência escrevo muito. Deve ser costume, mas também há uma pequena possibilidade de tentativa de ajuste das ideias. Releio várias coisas que escrevo como se fosse um código jurídico, para ver se aprendo as palavras. Quer dizer, eu revejo minhas próprias experiências passadas para saber hoje se as repito, como as repito ou mesmo se não. Digamos que dá para aprender bastante. Ou pelo menos tentar estabelecer um certo racionalismo.

Por pensar muito, dificilmente sou pega de surpresa.

Mas ontem me pegaste. Eu não imaginava que meu silêncio tímido de ouvir tuas palavras pudesse falar algo tão expressivo. Porque meu silêncio é significado de uma trava que tenho. Eu sou muito boa escrevendo, é como um mundo próprio, só meu, seguro. Mas falar, ao vivo, coisas que sinto... sempre foi tão complicado.

Tu me surpreendes às vezes e isso para quem pensa demais como eu é maravilhoso. Por mais teorias que eu faça em minha cabeça das mais variadas coisas, é sempre bom ter alguém para lembrar que nem tudo se racionaliza. Grande parte das coisas a gente só sente.

Obrigada.

7.3.15

my head is an animal

a lista das coisas que eu deveria fazer:

estudar, lavar roupa, aprender a cozinhar, ler vários livros, tomar banho, tomar remédio, sossegar, criar anúncios, colocar preços em brincos, criar post its, andar de patins, abraçar meus pais, almoçar, lavar o banheiro, acalmar a alma, encontrar os amigos, estudar francês, inscrever no concurso, inscrever em curso, usar meias, fazer cupcakes, entender.

entender. acalmar. respirar. não pirar.

o que eu estou fazendo:

não sei, minha cabeça é um animal.

6.3.15

escrever costumava ser minha terapia.
até que de repente meus maiores medos não conseguiram mais ser transformados em poesia.
não sei bem quando e como isso aconteceu, vai ver foi quando me tornei adulta mesmo.
antes o mundo parecia tão mais simples, eu não sei porque a gente cresce e complica tanto.
não deveria ser tão difícil gostar de alguém. pelo contrário.
não deveria ser tão difícil a gente dizer "eu te amo" para alguém.
eu sou do time que confirma que amor nunca é demais.
mas eu me vi tendo que prometer a mim mesma que não diria "eu te amo" para alguém durante certo tempo.
uma pessoa sabia disso, agora todo mundo que ler aqui vai saber.
o que espero que seja ninguém que me conheça.
só que não parece louco gostar tanto de alguém e ter se prometido que não diria o amor?
se é amor, sei lá, eu realmente não sei. mas se fosse, eu não diria a ele.
porque eu me prometi.
sabe, eu tenho que me virar e parar de ser intensa, e parar de ser vívida.
eu tenho que dar meu jeito de me controlar e me diminuir porque parece que as pessoas não sabem mais gostar, não sabem mais se relacionar.
o que eu fiz de errado hoje, eu não sei.
mas isso desaguou num dos meus mais profundos medos e por isso eu realmente tive que me isolar. que me fechar. em todos os sentidos.
só aqui que vim falar, na falsa esperança de achar que vou melhorar, porque isso aqui costumava ser meu porto seguro.
e agora depois de um período tão gostoso, tão bom e tão maravilhoso, eu tenho, por obrigação, que me fechar para poder dar espaço a alguém que há 3 dias estava comigo e dizia "não quero que tu vá embora".
eu não queria também, eu não queria. e continuo não querendo.
mas eu fui embora e tua vontade de que eu ficasse parece ter passado.
porque tu que foste hoje.

estou tão cansada dos textos tristes.
tão cansada de chorar de saudade.
queria ter ficado. mais.
mas tenho que fazer o caminho contrário.

nossa, e como penso em teu cheiro, tão presente em mim ainda!

4.3.15

o dia seguinte (ou "como se")

não é como se eu não soubesse exatamente o que está acontecendo. é exatamente o oposto: eu sei o que está acontecendo. e é com se eu chegasse a um lugar que há 1 semana era meu porto seguro e agora parece ser um local estranho. é como se eu não mais pertencesse.

eu acredito e já vivi momentos como esse. que basta 1 segundo, 1 sensação, 1 piscar de olhos para que eu pudesse perceber que algo estava diferente. algo está diferente. algo mudou, algo me deu uma visão maior do que jamais tive em relação à alegria de ser com alguém.

que eu sou só minha até você já deve saber, mas que eu fui feliz tanto durante esses dias eu espero que você tenha percebido, e é como se me faltasse algo que nem sequer antes existia. é como se a vida tivesse me mostrado algo a mais e eu tivesse me acostumado com isso.

e então agora não pareço mais querer o que era antes, parece que quero o que ganhei. e isso é como se fosse mais uma prova que a vida me dá. ela me diz: "eu tô te dando algo muito bom, mas não totalmente, você vai ter que merecer o resto".

eu tô tentando continuar merecendo meu presente, minha surpresa, meu natal, meu ano novo, minha viagem em que fui fugitiva e que valeu absurdamente a pena. não queria voltar. queria estar agora na cama que ficou com nosso cheiro e olhar pela janela vendo o céu que sempre quis admirar.

não consigo explicar o quanto eu fui feliz e o quanto agora eu estou com saudade. amanhã tudo volta ao normal, tirando que mais uma vez começarei a recontar o tempo. é como se essa relatividade se alinhasse perfeitamente ao que dizem: quando a gente quer que passe rápido, não passa...

e eu sinto falta do conforto dessa casa...

é como se eu não soubesse o que está acontecendo, mas eu sei: isso que sinto é forte.

9.2.15

vinte dias.

confesso que já estava acostumada com o outro blog, era um lugar onde eu podia dizer tudo o que queria e sentia, para uma pessoa especial. era dele aquilo lá. era a minha forma de contar quantos dias tavam faltando para eu vê-lo...

mas depois do que aconteceu, decidi voltar a mim mesma. decidi que é melhor assim, melhor que os escritos de lá fiquem lá, tranquilos e, como sempre, viscerais. algo mudou, algo definitivamente mudou em mim. não o que eu sinto, porque eu continuo sentindo. mas a forma de lidar com tudo isso. foi um freio. foi um aviso, foi algo me dizendo "calma".

foi algo me dizendo também que não posso ficar nessa malemolência toda, que a vida é só uma e muitas vezes é lá fora. não dá para me privar de viver qualquer coisa.

mas continuo aqui, sentada, pensando nele, e tudo bem, eu sou feliz fazendo isso também. e quero continuar contando, mesmo sem costume, mesmo sem querer. porque falta tão pouquinho para algo que eu pensei que nem ia acontecer.

e se não fosse um pouco dessa nossa loucura sadia, não ia ser tão cedo.

então vamo ser feliz, né?

vamo.

8.2.15

E se valer a pena?
A gente testa.

Ainda não errei.

Ah, eu perco o sono.

Talvez não haja alguma coisa que explique o quanto eu odeio perder sono. E como é raro de acontecer.

Mas não é impossível: quase sempre o caminho se segue por eu ter um pesadelo bastante real e em seguida acordar muito cedo e perceber que não era só pesadelo, era verdade.

Meu pesadelo do momento foi ter me apaixonado.

Mas por uma questão prática e de bom senso, já tinha decidido se o que aconteceu no sonho também aconteceu de verdade, eu ia sair da jogada. Óbvio que aconteceu. Eu não erro. É como se não houvesse uma distância de 3 mil km e eu soubesse, sem saber.

Eu saio da jogada, porque eu não sei lidar com quem me diz que me adora mas no outro dia some porque tá com alguém. Mesmo a gente não sendo nada, mesmo a gente nem sendo possível, eu não seu lidar. E mesmo a gente não sendo nada, ele já era o cara que eu gostava e, assim, acabei não querendo mais ninguém. Minha cabeça funciona assim. Se a dele, não, paciência.

Ps: ele era o cara que eu gostava. Era. Acabou.

Dói. Eu me fodo. Mas eu deixo.

30.1.15

descontar dias.

arde em mim o não poder te dizer o que eu queria exatamente te dizer mas olhando nos olhos, a dor de cabeça cega aquilo que não tem jeito e faz escorrer pros cantos toda aquela sutileza que me faz tão bem em contar dias, ah, contando dias... contando dias passados e dias futuros e vivendo alucinadamente o presente, em conta gotas, como que sugando todas as gotas para que elas não se esvaiam de mim. porra, que saudade desgraçada, mas eu sinto que sempre eu acabo me gritando mais, me exagerando, me sendo mais do que deveria.

então, calei.

e deixa o dia passar do jeito que for, que seja.

24.1.15

reciprocidade.

nem em meus versos mais bonitos ou raivosos
nem na maior proximidade e tempo
nem quando eu achei meus dedos nervosos
nem quando eu dizia do vento em movimento

nem mesmo quando eu escutava as canções
nem nos momentos mais solitários e criativos
nem mesmo quando eu media paixões
nem nas horas em que pensei que cativo

em nenhum local do passado
em nenhum recinto em que estive
em nenhum tempo perdido ou achado
em nenhuma paixão que tive

nada é igual ao início
nada é igual ao anterior
nada é igual ao que já foi tão difícil
nada é igual a esse ardor

se já passei por provas de fogo
se já aprendi a ter maturidade
se já cresci empurrada por um soco
se já sou quem sou em minha realidade

eu posso dizer...
eu posso suspirar...
eu posso viver, eu posso simplesmente ser o que eu quiser!
eu posso me libertar, eu posso gritar, eu posso sorrir e chorar!



nada do que já vivi me fez ter mais vontade de viver do que essa agora.
sem medo,
culpa,
fé, devoção ou credo.

só pela vontade de viver todo o dia ao lado de alguém que está longe e perto ao mesmo tempo.
porque eu sei que quem eu quero me quer bem. de verdade. existimos aí e aqui dentro de meu peito.





20.1.15

Bom dia

Quando o virtual parece que não é mais suficiente, e a saudade se torna tão grande, e o carinho se torna absurdo, e a vontade fica sendo tanta, e o gostar fica sendo muito... Quando tudo isso acontece e o choro vem, a mente nos presenteia com um sonho vívido, quase real. ♥

18.1.15

Mais ou menos passada a tempestade
O meu desejo é calmaria
Dentro de um abraço

(Mas não sei se o terei...)

17.1.15

não tem final

estou em casa. especificamente no quarto. especificamente duas vezes no quarto bagunçado. sendo ainda mais específica, no quarto bagunçado, onde resolvi mexer um pouco com os instintos que há muito estão adormecidos.

não posso e nem consigo explicar há quanto tempo eu não sinto o que estou sentindo agora: algo que não sei o que é. é uma mistura de raiva (de mim, de alguém?) e uma doçura que me incomoda ao ponto de me fazer permanecer estática.

ouço Beth Orton. lembro daquele cara desgraçado que me fodeu tanto a vida e o quanto ele tá feliz passeando em terras estadunidenses com a namorada que arranjou antes mesmo de terminar comigo, isso há quase 4 anos. se guardo rancor? não. mas tenho raiva. não raiva da felicidade dos dois. raiva de o quanto ele conseguiu se safar de todas as culpas de um passado não tão distante e de como até hoje eu me sinto culpada por alguma coisa. culpada ou, sei lá, ainda penso sobre isso. eu fiquei com os traumas, ele ficou com o gozo.

essa semana veio um outro que dizia me amar falar mal de mim em um grupinho. não sei se mereço ser xingada por eu estar em um movimento social tão lindo quanto o feminismo. não sei porque tem tanta gente que não se toca de seu próprio local de fala, não sei porque a pessoa que eu dei o pé na bunda há tanto tempo vem falar algo como o que ele falou. ele estava lá. ele me viu. ele sabe o que me aconteceu, eu confiei nele, ele já esteve aqui nesse quarto.

pausa.

não sei bem o que estou escrevendo.

eu me apaixonei novamente.

eu estou com saudade dele e não sei como lidar. o que eu acho, quando ele me mandou beijos às 21h e pouco - lá 1 hora mais tarde -, é que ele não foi dormir. o que é certa loucura. eu não o conheço. como dizer? esse sentir de gostar de alguém parece que sempre me deixa assim, mais instintiva que sou, mas me faz também não ver direito o que estou fazendo.

prova disso são os parágrafos anteriores.

a verdade é que não sei o que fazer.

não sei se vou ou se fico. shurastei ou shuraigou?

fato é que, caralho, como queria vê-lo agora. talvez isso tudo seja neura de saudade, talvez seja tudo uma neura, mas que vontade odiosa de chorar. de chorar de saudade. não quero mais chorar de saudade por quem ainda está aqui. eu tenho a maior saudade do meu mundo até agora dentro de mim e sei que chorar de saudade por ele seria uma coisa idiota. sei lá.

é bem provável que eu não queira admitir. não quero, dá pra ver, mas não quero. já até admiti, mas não quero.

melhor coisa a fazer é





15.1.15

brincando, brincando. vivendo dançando.

fez da figura
encontro
fez dos cantos
risada
fez do escuro
recanto
fez tudo
do nada

brincando, brincando
sendo feito
vivendo, cantando
dançando com o vento

11.1.15

Vento sopra
Esconderijo
Suga vida
E o riso?

Tempo conta
Melancolia
Distância ficta
E o risco?

say it's possible

De um distante céu colorido, veio vindo aquele sopro de sentir que nem se imaginava que viria. Em verdade, nem se pediu. Num estardalhaço de alegria, veio e bagunçou os órgãos internos da alma e deixou. Deixou, mas deixou o que? Deixou algo, deixou nada. O barulho silencioso de algumas madrugadas serviu para mostrar o quanto ainda é possível viver e sorrir, despretensiosamente, mas a conversa e a risada mostraram a bagunça deixada por esse sopro leve que veio de um distante céu colorido. E quando o céu se fecha? Hoje não dói tanto. Hoje aceito o que a vida é porque a vida simplesmente é e se não aceitar, fico louca - de novo. Então, aceito tudo o que ela vier me dar, nem sempre com entusiasmo, algumas (muitas) coisas com resignação. Cadê a voz? Cadê a madrugada? Cadê a risada? O vento sopra. O sopro não tem forma. Ele só continua correndo.

6.1.15


Tempo leve
Leve o tempo
Tudo suave
Suave o vento
E que o tempo leve
Leve o tempo
Que precise
Para que seja lento
O momento
De encontrar


em meu silêncio ensurdecedor
e meu escuro que abraça
eu lembro de ti, amigo
mas também em meio ao barulho
em meio à luz do dia
ao acordar e ao dormir
lembro de ti

já faz um tempão
e mesmo assim ainda te sinto
ainda te sonho
e tu ainda estás me abraçando
como o escuro e o silêncio agora

sinto falta de tua carne
de tua pele alva
de teus olhos escuros
de teus dedos macios
de teu cabelo cheio de cafuné
e de tua risada
ah, como sinto falta!

tua risada ecoa aqui em meio ao silêncio
e tua presença parece maciça aqui no breu
ainda não deixei de chorar
ainda não deixei de te querer
ainda não deixei de sangrar
acho que nunca vou deixar

eu te amo e sinto tua falta
tanto que é preciso silêncio
é preciso escuro
para assim sossegar

2.1.15

Foi.

Foi a boa notícia que o cosmos ou seja lá o que se quer acreditar me trouxe. Foi assim, como se fosse um presente, como se fosse algo que te dissesse: estás viva, estás condensada neste corpo que não é só matéria. Quer dizer: foi aquele prazer que veio vindo só ele, antes sexual, depois de uma forma sutil de combinações de gostos e conversas. Foi assim que algo foi me dizendo que se fosse para ser, seria, mas não seria nada que o senso comum costuma pensar... ah, seria só algo muito bom. E por já ter sido algo tão bom é que em saudade se desfaz. Tudo que é bom deixa uma certa vontade. De novo, de novo, de novo eu vou dizer: esse ano vai ser bom e vai ser novo. Comecei bem, começamos bem. Que diferença, que coisa única. Que carinho. Não, não sou carinhosa, mas minhas mãos não queriam deixar teu corpo, nem tuas mãos, sei lá por quê, talvez só porque quisesse aproveitar com toda a máxima alegria aquilo tudo. Foi como deveria ser, só que melhor. Foi natural de uma maneira que só sendo voltando no tempo para que pudéssemos ver aquilo sendo. Não consigo e nem quero esquecer toda a minúcia de algo que me marcou, de algo que foi tão importante quanto uma passagem de ano. Não quero esquecer e nem preciso esquecer o que vivi e como estive viva, mesmo contra todos os caminhos que muitas vezes peguei no passado, e estar viva é uma vitória. Fizeste parte e não vou esquecer. Já sinto, sim, saudade. Um beijo.