16.2.21

trinta e dois

estou cercada. mais um ano se vai. e não sei ao certo ainda de onde sou. não sei ao certo ao que vim. necessito de uma enorme alegria para talvez pertencer ao meu próprio ser. e não sei ser. não consigo, sou desvinculada de mim e do mundo. mesmo em meu mundo particular, meu mundo de dentro, sinto-me estrangeira muitas vezes. fico velha, fico antiga, fora de moda. não ganho mais como ganhava há dez anos. estive esperando o dia, há dez anos. e há vinte. mas não espero mais nada. só espero continuar. não por nada, não costumo ser (tão) pessimista, mas é que ultimamente tudo virou de ponta-cabeça e não conhecemos mais o presente como costumava ser no passado. sinto falta desse passado que nunca mais será futuro, estar trancada em casa faz com que me tranque também em mim. estou triste. necessito de uma enorme alegria para talvez pertencer. minhas idades memoráveis terminam no número dois. muita coisa aconteceu aos doze. aos vinte e dois. aos doze eu me descobria, aos vinte e dois eu me deslumbrava. sei lá o que vai nos trinta e dois. talvez eu me reinvente. quem sabe eu me encontre. quem sabe eu pertença.


...

sou uma presa de mim mesma, predadora distraída.