1.12.16

eu escrevo. é o que faço. eu reescrevo histórias, eu me reinvento, eu utilizo as palavras para tentar me entender. a vida inteira. eu falo de mim. talvez eu tenha uma necessidade de me auto-afirmar, mas só porque eu devo ser muito insegura. ao mesmo tempo, o que é bem louco, também sinto uma segurança enorme em minha alma, meu espírito, no que sou. fico achando que o mundo não está preparado para o que sou. de vez em quando alguém, em matéria de amor, faz-me achar que sou única. não sou única, apesar de ser. de vez em quando, gosto de ser. de vez em quando, não me importo. mas eu escrevo. eu gosto disso. e me reescrevo. e resolvi, dia desses, tentar te escrever: a pessoa mais difícil de se ler que já encontrei, mas não tem ninguém nos últimos tempos que tem me dado mais prazer de decifrar. tu és parecido comigo nesse sentido: parece estar todo do lado de fora, e de repente, adentrou em si. assustado. eu também. eu te entendo. tenho te gostado. tenho ido no embalo. bom embalo, boa dança, bom ritmo. então, te escrevo:

olá.

18.8.16

saudade é palavra que não existe em outro vocabulário e que acaba apenas renascendo em nosso peito de quando em quando.

como ter saudade de quem não está presente mas presente está sempre?

dói não poder te falar aquela besteira todo o dia e talvez o raro dos relacionamentos seja exatamente isso: podermos falar.

e ninguém me proibirá de sentir a saudade que sinto de ti todos os dias mesmo que um tanto surreal, virtual e um pouco me fazendo mal.

nao quero me sentir mal, e por isso segui. fui à frente, mesmo sem saber a direção, amanhã talvez eu não sinta tanto, mas a saudade é tanta, vigente, latente, tangente...

por que não fomos? o que somos? e o que fomos? o que éramos? onde estamos? por que erramos? em algo acertamos?

me deixe, me largue, me erre, mesmo que eu pergunte "tudo bem?", não venha, me esqueça, finja que nunca nos conhecemos, finja que nunca nos sentimos, dormimos, tocamos, finja que nunca nos sentimos nas conversas distantes, nas vontades vividas, nas saudades passadas...

volte.

vá embora.

me abrace.

e me deixe.

nunca deixei de amar você e você não faz ideia de como isso dói.

mas seria pior se eu tivesse deixado.

isso me faria pensar que essa efemeridade que tanto odeio existe em mim. e não existe. você ainda vive em mim. mas não vive mais comigo.

2.8.16

é difícil ver você se apaixonar por outra pessoa.
em todo o momento, eu penso "poderia ser eu".
dói, rasga o peito, não de ver a ingenuidade dessa paixão nova, mas dói porque eu sinto falta de quando foi a nossa paixão nova.
nós éramos tão destinados a ser, até fomos.
e dói, dói.
eu não sei descrever com outra palavra.

dói.

d
ó
i

dói que vai caindo de lado

d
   ó

...

        i

e sinto falta de teu corpo, da inebriação, do calor, da confiança, de tudo, exatamente como ela sente.
eu sinto que eu devo correr para longe de ti. se eu visse antes, corria.
eu vou tentar.

porque dói de todo meu coração ver você se apaixonando por alguém que era eu há 8 anos.
eu era incrível.

mas agora sou mais.

22.6.16

gosto do procedimento, gosto de te ter por perto do início ao fim. desde o primeiro momento, desde quando te vi. gosto de saber que estás, gosto de saber que sei de teus pormenores, gosto de ser tua amiga, como gosto de nossa amizade! gosto de te amar sem rótulo, gosto da reciprocidade, gosto de quando foi faz tempo, gosto do que aconteceu entre o nada e o tudo, gosto que refletimos e nos acertamos, reacertamos, gosto do detalhe. gosto que sejamos confidentes, gosto de te confiar, mesmo que tenha problemas em conseguir isso, gosto que demonstras que isso é possível. gosto das novidades descabidas, dos medos consideráveis, das inúmeras risadas, não gosto das brigas, mas até com elas aprendo (aprendemos), gosto dos áudios enviados, gosto das músicas tocadas, gosto dos sonhos vividos. gosto tanto de ti, de toda aquela coisa que é gostar de alguém. mas te gosto por tantos motivos que o gostar se torna ainda um maior bem.

em 22/06/2016

23.5.16

foi em uma noite mais ou menos fria
que meu corpo encontrou o teu
e foi num dia ensolarado
que a vida se encostou na tua
foi num dia esquecido
em que pude provar de ti
foi numa noite de som
que quis sair à rua
e naquela vã filosofia
de que seríamos
naquele solo da canção
em que notaríamos
naquela nota perdida
então nos achamos
e naquele achado noturno
nós ficamos

1.5.16

aiaiquetristezadedomingo.mp3

hoje senti falta. mas não foi aquela falta doída e chata. foi uma falta daquelas pessoas que em algum momento passaram por mim e deixaram flores. as flores de um dia mais bonito, as flores que me fizeram melhorar em algum aspecto, as flores que um dia tiveram espinho mas hoje só têm perfume. hoje senti falta de abraços que dei e foram fortes, apertados, aqueles que a gente dá sem saber quando vai dar outro. eu senti falta, mas não arrependimento, de todos os "eu te amo" que já disse, porque basicamente todos continuam verdadeiros. eu amo pessoas. sinto carinho, sinto saudade e sinto vontade delas. lembro muitas coisas, muitas minúcias, muitos detalhes de muitos momentos da vida de vez em quando e sinto falta. e tem vezes que a falta faz um bem danado. a gente acaba lembrando da razão de amar alguém(éns), e a gente fica com o espírito um pouco mais leve. a tristeza de domingo, resumida em uma melodia que parece ter combinado bastante comigo e que faz lembrar mais alguém que sinto falta (falta boa, tão boa!), não é bem uma tristeza, mas talvez uma melancolia, e dessa guitarrinha saiu isso, eu entendi o que ele quis dizer. talvez isso aqui nunca chegue às minhas pessoas certas, mas talvez chegue a alguém. tem alguém aí? sentes falta de alguém?

fala para essa pessoa: "sinto tua falta". não espera resposta. porque foi assim que eu já trouxe alegria de volta à minha vida. 

vocês são importantes, cada um que passou e passar por aqui por esse coração. e senti falta de vocês.

23.4.16


posso te perguntar uma coisa? você sente minha falta? porque eu às vezes sinto que não fui nada para você. eu não quero voltar, nem quero retornar, não quero fazer hoje o que nós fazíamos antes. porque nós não somos agora o que éramos antes. mas de vez em quando eu penso em ti como uma saudade tão vívida, tão presente, que agora me deu vontade de saber se você, nem que seja por 2 horas, sentiu saudade de mim também. eu não costumo - acho que você sabe disso - deixar palavras engasgadas, apesar de ter engolido várias por não querer me desgastar. mas eu tenho saudade. tive, estou tendo, não sei. e eu só queria saber se você sentiu um pouquinho de mim.

18.4.16

eu me alimento de esperança.
como o mar quando o vejo.
engulo a música que faz lembrar.
às vezes vomito a saudade de antes.
outras vezes arrisco segurar.

mas eu me alimento de sentires.
como a foto quando vejo.
engulo a pele que me fez tocar.
às vezes vomito a vontade de antes.
outras vezes arrisco superar.

eu me alimento de notas.
como tuas mãos quando as vejo.
engulo a palavra que faz lembrar.
às vezes vomito o que tu eras antes.
outras vezes arrisco ainda te amar.

porque eu disse que não ia mais pensar.
mas montana é alimento da alma.
e eu me alimento de esperança.
tudo certo vai dar. tudo dá.
então eu arrisco ainda em ti, às vezes,
por que não?
pensar.

16.4.16

aquarianidades.

surgimos um ao outro no momento errado um ao outro e estamos fadados ao insucesso de coisas cabíveis quaisquer a qualquer ser humano, entretanto, surgimos diferentes tão iguais um ao outro que a curiosidade foi instigada e ainda não apagada aqui por dentro de mim. em todo caso, entendo que mesmo igualmente magnetizados, somos igualmente incompatíveis nos quereres que surgem aqui e ali e como a mais pura poesia que poderia surgir de ponto em ponto, eu te escrevo, tu entendes e ficamos por aí e por aqui mesmo, tu sabes lá deusa onde, eu sabe lá deusa onde, mas estamos de alguma forma conectados por tantas estrelas, somos ao mesmo tempo sol e chuva, tão iguais, tão diferentes, e eu não sei contigo, tu estás em outro lugar que não aqui em meu mundo, mas é tão, tão, tão absurdamente óbvio que somos do mesmo universo que às vezes eu sequer acredito que fazemos parte disso tudo tão próximos. e tão distantes como algo que nunca (nunca?) vai acontecer, nunca nada (nada?) vai ocorrer entre os mundos que giram em torno de nós mesmos, salivando como se não houvesse amanhã, tocando como se a pele fosse desaparecer. somos dois de um mundo milagrosamente achado em nós, somos um de dois paralelos que aparentemente não se cruzarão, mas que andam lado a lado na adversidade do senso comum e que de vez em quando, de repente, dão as mãos.

somos o que não fomos e o que poderíamos ser.

15.4.16

sou de intensidades

todas as palavras querem sair de minha boca, todas as células de meu corpo querem fazer com que as palavras que saem de minha boca cheguem a teus ouvidos, para que todos teus sentidos estejam voltados à minha boca, de onde saem todas as palavras e de onde sairiam todos os beijos que fariam nossas bocas dançarem em um ritmo alucinante, onde o paladar é mais que sentido, é sentir. e o tato que faz o sentir das bocas dançando compassadamente é como se fosse um céu em forma de toque, e eu sinto falta desse gosto das bocas de onde saem tantas palavras e se enroscam línguas e céus, de onde veio tanto carinho, tanto das palavras como dos beijos. sem qualquer tentativa de salvação, mas sim da gente se perder no corpo, na boca, nas palavras, no céu um do outro, enquanto minha língua toca teu pescoço, enquanto tuas mãos desbravam minha cintura, enquanto isso, todos os gemidos querem sair de minha boca, todas as células de meu corpo querem fazer com que os gemidos cheguem a teus ouvidos, para que todos teus gemidos estejam voltados à minha boca, de onde saem todas as palavras e de onde sairiam todos os beijos que fariam nossas bocas rodarem em uma música sinuosa, onde olfato, visão, paladar, tato e audição seriam mais que sentidos e sentires, seriam fato, seriam som, seriam tudo aquilo que me faz pensar "que pena que não vai rolar".

12.4.16

17/02/89

tenho-te no peito como se nunca faltasse ritmo.
como se fossemos asas de passarinhos.
eu tenho teus olhos em meu pensamento.
quero esconder, sair de fininho.
mas sabes o que tenho aqui dentro.
tenho-te como se eu tivesse ritmo.
é tão engraçado te ver.
quando a gente se encosta.
um milhão de estrelas colidem.
um assalto em meu corpo me enrosca.
tenho-te como fizéssemos ritmo.
tenho-te como se fossemos música.
tenho-te como se eu mesma me tivesse.
tenho-te por saber que eu me tenho.
tenho-te sabendo que ninguém nos tem.
quis ritmar. quis letrar.
porque vi teu sorriso e achei bom.
então eu gravei e te tive.
e é só isso mesmo.
beijos.

3.4.16

trechos acabados de uma carta nunca entregue sobre um amor vivido

São Paulo, 07 de novembro de 2015.


de quando em quando, eu me apaixono. e ao mesmo tempo que isso é incrível, às vezes me parece também algo horrível. tenho um monte de amores mal fadados. tenho uma dúzia de planos não acabados.
além disso, quando não tô apaixonada, eu vivo mais tempo comigo mesma. não fico com vontade de estar com mais ninguém a não ser comigo mesma e com as pessoas que amo.
mas estar assim também é maravilhoso. muitas vezes eu acho que estrago tudo e (meio que) já percebeste que posso me autossabotar às vezes. é porque eu sou insegura, é porque eu sou apressada. eu não sei mais ser amada.
e, por isso, eu fujo. eu corro, o mais rápido que posso. eu tenho um histórico de ficar e me dar mal. fiquei com medo.
quando eu tinha 22 anos (e nem faz muito tempo hehe). já conheces esta história, eu perdi tudo o que pensava ter até então em 6 dias. a luz de esperança que eu sempre tive se apagou. eu não sei como sobrevivi, eu devo ser realmente muito teimosa.
mas eu sobrevivi, demorou, mas a luz se acendeu novamente. só que fiquei com cicatrizes que nem eu sabia o quão eram profundas.
soube disso com 24 anos (há apenas 2 aninhos, então), quando tive o desprazer de mais uma vez ter um relacionamento emocionalmente abusivo.
nunca vou esquecer de quando ele, médico e amante de psicanálise, me disse por telefone e após (mais) uma briga que eu tinha sintomas de depressão. foi em outubro. em novembro, dia 18, eu o vi com uma garita em uma pizzaria. meses depois - por acaso, inclusive - soube que aquela garota era a ex dele que ele jurava ter esquecido. e que voltou tempos depois. a sorte, ou o destino, foi que eu não descobri isso antes, senão eu teria pirado mais do que pirei.
dezembro de 2013 foi o pior mês de minha vida, pois todas as mazelas se uniram. foi quando quis acabar com tudo.
não confiava mais em ninguém. esses dois relacionamentos tiraram quase tudo de bom que havia em mim, a esperança, a capacidade de confiar, a vontade de tentar de novo, tudo.
a luz se apagou de novo.
2014 foi o pior ano de todos. eu tentava todos os dias sobreviver. foi quando, além de tudo, Alan ficou doente e meses depois faleceu.
naquele momento eu pensei qe em alguma hora, eu ia desaparecer. foi foda, moço, foi foda.
lembro que fim do ano conheci um garoto - seu amigo João se formou com ele em Belém - que meio que me tirou da lama sem querer. o que a gente tinha - se é que havia algo - terminou e da pior forma, a gente brigou feio. já se falou de novo - e brigou de novo hahaha, mas tudo bem. acho que ele nunca vai conseguir alcançar o que significou para mim. ele fez com que eu lembrasse que eu ainda valia a pena. depois quis se fazer de leso e me rebaixou, mas a cagada tava feita: eu aprendi a ser forte.
e me mudei para São Paulo, onde me encontraste. de um jeito ou de outro, eu sempre acredito que é na hora certa tudo o que me acontece.
e, sim, eu odeio me apaixonar porque dá medo. é algo que não posso controlar. é um sentir. e todo sentir me assusta.
mas queria confessar uma coisa.
tu não me assustas.
pensar em ti me faz bem. tá bom que a saudade cansa, mas por algum motivo, tu pareces estar sempre perto. saber que estás aí, mesmo fisicamente longe, enche meu coração de esperança. faz com que a pobi da luz que já tá toda arrebentada se acenda de novo.
sei que temos deixado claro o quanto tu precisas de força nesse momento da vida, e eu queria que soubesses - se é que ainda não sabes - que eu sempre vou estar aqui para te ajudar. a não ser que sejas otário, aí não dá hahaha :)
bom. sei disso. mas também tens que saber que de vez em quando também preciso de força. eu, até hoje, não sei direito como sobrevivo. eu sou forte, sim, mas também sou frágil às vezes... tenho meus conflitos.
tu estares tentando me aguentar é muito importante para mim. não é tua obrigação e vou entender quando quiseres partir, tu és livre e eu gosto de pensar que o que fazes por mim é porque tu me gostas.
sei que é. :)
não sei ao certo o que me levou a escrever isso, talvez eu nunca te entregue... acho que porque quero que entendas certas coisas que falo, sei lá... e eu confio em ti.
sinto tua falta. queria poder te abraçar quando eu quisesse. tô tendo paciência para seja lá o que for que aconteça.
confio no destino. o "senhor do tempo" nunca falha. :)
tudo vai dar certo. para ti, para mim. para nós.

obrigada por estar aqui.
amo tu.

beijos e cheiros no cangote,
Evelyn Andrade.











2.4.16

like a fool

a vida não é filme
e as despedidas não são leves como na cena final
mas uma trilha sonora se passa agora
canto em inglês e penso naquela hora

porque a vida não muda por algo grandioso
a vida muda naquele pequenino momento
naquela pequena fração de segundo
meu mundo mudou em uma rajada de vento

as palavras da madrugada
cortaram meu coração
tua mão adentrou em minha barriga
como se estivesses me arrancando meus órgãos

mais uma vez eu colo meus pedaços
realmente pensei que não ia acontecer
seguro-me, respiro
e finjo não mais te conhecer

mas em todo lugar onde eu estou
e em cada nova respiração
tu lá existes, lá tens um rastro
e eu congelo sem reação

até aqui, onde digito
até aqui nestes teclados tu existes
tu passaste por mim e eu queria que tivesses ficado
porque eu te amei do mesmo jeito

e te esquecer vai ser uma coisa horrível
mas o que posso fazer?
que doa, que machuque
mas vai passar (de novo), tenho fé

29.3.16

é como se a música que antes me fazia chorar de agonia, agora me faça chorar de emoção
escrever é o que sei e o que tenho de melhor
e eu quero ainda falar contigo todas as palavras que puder
mas de repente, tive que calar, por mim, por meu bem

é como se os acordes ainda ecoassem,
é como se nada tivesse acontecido, mas talvez tudo tenha mudado
eu relembrei o que sou e o que tenho, o que conquistei 
eu tenho calma e alma o suficiente para lidar com tudo que sei

nunca te deixaria sozinho, nem quero te deixar para lá
mas se para ser como sou, se para eu lembrar para onde vou
se eu precisar escolher entre tu e eu mesma
eu escolho estar com quem nunca me abandonou, mesmo que na loucura me tomou

eu sou tão eu que eu sei o quanto amas eu mesma sendo eu
mas eu sou tão o que sou que é difícil para outra pessoa
não porque eu sou difícil
mas a alma é tanta e tão forte, inquebrantável, intensa, selvagem
que entendo que tem que ser muito corajoso para lidar

eu sou corajosa, eu tenho coragem e sempre dei a cara a tapa
não deixo mais para lá o sentir que quero sentir
ou mesmo o que não quero, eu sinto, eu me deixo me partir
eu quebro, colo, vivo, respiro e cada vez menos endureço, percebi

então a escolha é minha e te dou os caminhos
a distância é dura mas precisa
a vontade é forte e delicadamente delineada
em todo o olhar com amor que a gente tinha ou tem, para tudo ou para nada

quem me amou, amou
e quem não amou que bobeou

6.3.16

faz tão bem que não é bom estar longe
respira-me tanto que não é saudável estar próximo
porque não sou flor
eu sou uma erva daninha que periga
mas me fez tão bem
que dormir sem aquilo me dói
e é como se eu quisesse ir embora
como assim te faço bem?
nunca fiz bem a ninguém
eu acho que eu me libertaria
é, eu me libertaria
desse medo de te magoar
a qualquer instante
mas tu me fazes querer melhorar
quando eu já desisti
quando eu quero acabar
tu me fazes respirar
tu me respiras quando eu não posso por mim
mas eu quero parar novamente
quando eu não posso te abraçar
eu não sei mais
eu não sei mais nada

24.2.16

te acho tão bonito

neste momento, estou vestindo você
porque em meio àquele cheiro,
eu te pedi uma lembrança.
então, você acordou e disse
"quer?",
eu quis.
quero ainda.
mesmo que você ainda não perceba,
você também.
a gente se quer.
tudo bem, é lentinha a vida.
mas agora eu lembro de tanto,
e foi tanto,
e tão lindo,
que te acho tão bonito.
eu só quero sorrir, dizer,
agradecer.
obrigada por dias tão felizes,
por noites tão aconchegantes em teus braços,
por tanto azul, tanto dourado,
meu deus, como foi incrível.
ainda te visto,
como se o cheiro nunca fosse acabar.
ainda te quero,
como se todo dia eu visse o mar.

11.2.16

nada consegue deter esse meu sorriso
não consigo parar de ser feliz
tudo o que acontece agora é o tempo
esvaindo-se, sim, lentamente,
entre lentes e vento,
entre curas e alentos,
entre vindas, idas, vidas.
recebo visitas.

mas nada tira a alegria de pensar
que já, já vou te abraçar

7.2.16

estive tanto tempo em um lugar onde achei que não pertencia
então eu me mudei
então eu mudei, eu melhorei, evoluí, aprendi a sorrir
andando pela rua hoje em dia
eu ainda me sinto fora de mim
não sei ao certo se é porque não acredito que cheguei aqui
ou se porque eu não estou ainda aqui
onde é que eu estou?

fui por tanto tempo alguém que eu não conhecia
então eu me apresentei
eu apresentei eu a mim mesma, eu me esforcei, criei, aprendi a me amar
deitada em minha cama hoje em dia
eu ainda me sinto desconhecida
não sei ao certo se é porque não acredito que esse eu sou eu mesma
ou se porque eu ainda não sou eu mesma
quem é que eu sou?

andei por tanto tempo procurando amor por aí
então eu me vi
eu me vi como um ser individual, eu pertenci, eu me conheci
rodando em meus próprios pensamentos hoje em dia
eu ainda me sinto deslocada
não sei ao certo se é porque não acredito que eu realmente me amo
ou se porque ainda ninguém me amou
o que é que amor?

e eu continuo vivendo, respirando, transpirando, amando, sonhando, gozando, suspirando
já fui violentada, batida, calada, muda, desacreditada, arranhada
já fui tão destruidamente comum a tantas
recriar-se é passo sufocante de uma jornada diária

mas cá estou
meu coração bate
bate com força
bate com forma
com fome
com flor
com amor



27.1.16

queria
ser-te
sei que
sou-te
que o amor
solte
que a vida
volte
que sendo
seja
que tudo
veja
as bocas
beijam
os corpos
latejam
o prazer
de ser
e ser-te
crescer
florescer
sentir
a água
deste mar
sou-te
solte
sol-te
vou-te
volte

somos

18.1.16

hoje

é, eu sei bem que o futuro é distante e muitas vezes apavorante. sei também que normalmente esqueço de viver o presente. uma vez li que isso é coisa de aquariano: viver o futuro e esquecer de viver o presente... eu era pior, acredites ou não rsrs. talvez eu precise de muita segurança para ir vivendo. em tudo. e fico um tanto deprimida quando isso não acontece. ou seja, quase sempre. parece que sempre me falta algo. é porque parece que nunca estou aqui. eu sempre estou mais para frente.

mas hoje, o hoje... é tão complicado de saber o que é quanto o amanhã. eu tô feliz. eu não ando bem das contas, eu tenho que começar a tal da academia, eu sinto saudade dos meus pais, dos meus amigos, da minha cidade. mas não fui eu que escolhi tudo isso? sim, eu mesma. sei que se eu quiser voltar, tudo lá vai estar me esperando de braços abertos, e eu fico feliz com isso. mas tô aqui ainda tentando, na cidadona, antes de voltar - se eu voltar - para a cidadinha.

queria muito aprender a viver o hoje, o hoje sempre, e ir vivendo todo o dia, dia após dia, sem parecer viver 1 semana depois do hoje. 1 semana, 1 mês, 1 trimestre... dizem que estar à frente é bom, mas é muito ruim. não ando de mãos dadas com ninguém porque sempre estou correndo. quero calma. quero alma. quero leveza.

acho que pela primeira vez efetivamente, de verdade, fortemente... tá dando vontade de realmente mudar. não mudar meu jeito, mas tentar melhorar.

obrigada, tu.

13.1.16

é estranho compreender que o tempo passa
que os dias foram sendo riscados
e que falta pouco, pouquinho
para tudo o que tiver de ser, que seja ao lado

11.1.16

onde está a beleza da rima?
é na palavra bem colocada?
é na frase ritmada?
a beleza da rima é da palavra cantada
ou do sentir legitimado?

a beleza que escrevo sai pelo gostar
e eu me expresso é pelos poros
pelos, poros
o que é bonito?
é o jeito da escrita?
ou minha palavra sentida?

minha palavra é o expressar
eu que não sei rezar
faço dessa palavra a vida
e então eu oro
peço aos céus compreensão
peço que com essa reflexão
tu consigas entender que nem sempre
mas um tanto
eu não sei falar
eu só sei pensar
e palavrear
uma ou outra auto-oração
uma ou outra canção

(06.01.16)