15.7.15

devaneios acerca do pragmatismo emocional.

queria começar a escrever algo que resgatasse a esperança que sentia em outros tempos, algo que me fizesse brilhar os olhos quando eu relesse daqui a alguns meses ou anos, como acontece em muitos outros escritos aqui. só não sei exatamente como, agora. ando me sentindo meio sem coração, meio fria demais, distante de sentires que mesmo me fazendo mal, faziam bem. havia choro? havia, claro. mas havia também a esperança de um sorriso, havia tanto sentir bom, havia calor, havia batimento cardíaco forte. havia surpresa, havia mundo, havia mais vida. não sei que horas ou quando eu me transformei nesse ser tão absurdamente comum. que leva tudo na naturalidade. onde um gostar, por mais torto que seja, é inacreditável. não consigo mais acreditar nas coisas. por que? por que eu me deixei virar alguém tão sem graça, tão arisca aos sentires, logo eu que sentia tudo tão intensamente?... eu queria tanto poder me deixar dizer tudo o que tenho a dizer, tanto acreditar no amor mesmo ele não sendo o mesmo de antes. ao contrário, parece que me fechei tanto, que me enfiei tanto em mim mesma que eu me irrito com demonstrações de afeto. e não sei se por medo, isso sim é mais assustador: eu já vi, ouvi e vivi algumas coisas que não sinto mais tanto medo. eu não sinto nada.

eu não tô mais sentindo nada e tudo o que eu queria era destravar. era poder me deixar sentir o que muito provavelmente estou sentindo e que luta de frente com o não sentir nada. não sentir nada é horrível e a gente nem percebe, porque, sei lá, a gente não sente que não sente também. eu queria parar com isso e me deixar apaixonar, me deixar levar um pouquinho, pisar num terreno estranho mesmo de olhos abertos. é isso: eu queria ter a coragem de, mesmo sabendo que o terreno é complicado, pisar assim mesmo, vendo, sentindo.

vai ver que não é exatamente não sentir nada. é sentir tão absurda e forte prudência de não se deixar sentir nada que a coragem de ainda tentar sentir algo tá quase esvaindo.

talvez eu perceba que não depende dele me salvar disso, que não depende dele que eu tenha coragem, pois isso é algo da minha vida. talvez eu não precise ser pragmática a ponto de sempre e para tudo querer um resultado. talvez eu possa realmente só sentir.

talvez eu tente me salvar, qualquer hora dessas.

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