20.10.11

houve um tempo em que clima de chuva sempre fazia lágrima acompanhar. dois pingos caindo, de lá e daqui, num pingo de gente já crescida, mas ainda sem entender quase nada. quase que todo o tempo nublado, a alma diminuía, ficava quietinha de uma maneira cruel: como se o frio - o frio de belém - não deixasse a alma correr. o medo interno da chegada de meados de outubro, novembro, costumeiramente me deixava mais triste, pois em quase todas as épocas chuvosas, acontecidas todos os anos, coincidiam com as minhas próprias épocas chuvosas. é comum que combinemos calor à boas emoções, e frio com fechaduras, esquecimentos e machucados. ou feridas abertas. hoje, enquanto eu dormia num horário um tanto estranho, parecia que o dia tinha se tornado feriado pra mim: eu não pensei em mais ninguém, até em meu sonho, a única pessoa que restava era eu mesma. senti meu próprio espírito e tudo pareceu fluir muito bem, enquanto o vento frio caminhava pelas minhas pernas. quando acordei, vi aquela escuridão em plena tarde de uma cidade quente, e pensei 'que bom'. essa época de chuva sempre me fez escrever um monte de coisas, desde que me entendo, estou escrevendo sobre a chuva. mas dessa vez é diferente: não só a contemplo ou não só ela me faz relembrar muita coisa... o que acontece é que a chuva molhou meu espírito de uma forma maravilhosa agora.

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