23.4.14

gypsy.

começo este quase tendo a certeza de que as palavras chegarão ao destinatário, coisa que no fim das contas não é tão importante, pois não deixaria de escrever uma palavra das que quero por conta de medo de ser lida ou não ser lida. o importante é que eu diga, que eu sinta, que eu expresse tudo o que mexe e remexe comigo agora.
não tenho como esquecer o que sou. mesmo nos piores momentos da vida, eu não posso esquecer o que sou. ninguém pode esquecer o que se é, a alma que tem e quais os valores são essenciais para essa existência. somos eternamente suscetíveis a mudanças, e os caminhos têm disso mesmo, fazem-te mudar às vezes até sem querer, e não dá tempo para assimilar todas as ideias que surgem a partir disso. saber lidar com mudanças repentinas é tudo o que muitas almas humanas não conseguem e acabam por se perder em si mesmas. não esquecer de sua própria fé em si mesmo e o que se é se torna tão essencial quanto viver.
minha alma por muitas vezes está envolta e mergulhada na mais amargurada insegurança e solidão, mas, por algum motivo, ela sai e ressurge como uma flor de lótus. a flor de lótus nasce em meio à lama, simbolizando o renascimento - sabias? -, não à toa sendo minha flor. já morri e renasci pelo menos umas 3 ou 4 vezes entre meus terrenos 25 anos. só esse ano já renasci uma vez. ainda estou renascendo, florescendo, tentando crescer, arrancando o que há de ruim ainda em meu coração.
e por tentar arrancar o ruim, preciso te dizer que é impossível arrancar o bom. nada de bom que viveste em teus anos dessa existência será retirado de ti. a vida é feita para morrer e renascer porque é disso mesmo que se constrói uma alma. tenho receio quem nunca morreu nenhuma vez. e tenho o instinto humano de ajudar a renascer todo aquele que me cativa. é, meu querido, tu me cativaste. e sinto que muita coisa boa ainda está por vir. não sei se virá, mas sinto que se deixares, a vida a ti que poderia somar seria uma boa lembrança impossível de ser retirada no futuro.
nenhum amor como esse é superado da maneira como nos contam os filmes. talvez quem a gente amou de verdade nunca deixemos de amar. e aprender que amar quase sempre é metafísico é tarefa árdua. 
não te pediria, tampouco te sugeriria, um amor nesse momento. amor de carne, amor que deita e dorme e acorda e vive, não. eu te sugiro todos os possíveis níveis de abraços de amizade que eu poderia te dar, todas as conversas de fim de festa e até um ombro amigo para chorar de saudade do amor que tiveste, pelo simples fato de que me cativaste.
e de que me lembrei do que sou feita. que minha alma é cigana, é livre, é nômade, no sentido de que meus caminhos são escolhidos mediante à liberdade que desejo e sempre desejei. liberdade é uma prisão. é impossível sair dela quando não sabemos administrá-la. a liberdade assim costuma se tornar egoísmo. minha liberdade é a de amar e de poder amar o que e quem eu quiser. eu sou livre para escolher meus amores e mesmo que eu não vá ganhar amor em troca, muitas vezes amo. e eu amo ser o que eu sou.
nem sempre estarei para ti da forma que talvez possa querer, muitas vezes estou muito e muitas vezes estou pouco, mas espero que tenhas a certeza de que jamais eu te magoaria. porque eu sei o que sou e sei o que és.
digo-te, sem medo, que te amaria, sim. isso é tão evidente. não duvido que se estivéssemos na hora certa, tu também me amarias. não sei como duas pessoas podem ser absurdamente parecidas assim. mesma vibração. talvez por isso, também, não gostaria de perder tua alma. a vida já é tão cheia de escolhas e caminhos desconhecidos que quando a gente encontra alguém tão parecido a jornada parece que se torna mais fácil. não sei se é impressão, é só uma coisa que acho mesmo.
mas a vida, ah, a vida, essa situação imprecisa a qual somos jogados. não foi minha vez em teu coração, deixando tudo muito no raso. por que eu gostaria de aprofundar? são perguntas que se eu for pensar muito, não sei responder. então, seguindo meu coração como tu mesmo sempre falas, eu apenas te quero por perto. pesando pós e contras, idas e vindas. mas nunca entre amores. o que falta é amor, e eu falo daquele amor de amizade. o que falta para o mundo é isso. sabes como sou, meio doida das ideias, e eu acho mesmo que o que te falta agora é algo novo, mas não um relacionamento amoroso. falta-se sorrir com coisas novas.
sim, sou cara de pau o suficiente para dizer que eu sou parte disso. vais dizer que mesmo com tudo, os sorrisos não foram verdadeiros? e, sim, sou advogada e como tal demonstro a melhor a tese argumentativa, não é de se estranhar que misturo a tese com poesia, a forma com um querer.
desejo muito que não me desconheças. cansei tanto de desconhecer pessoas maravilhosas e não gostaria de te perder. eu vou entender se quiseres te afastar, consequentemente de forma ilimitada, para não falar "para sempre" (é muito forte essa expressão, evito). o tempo, o senhor do tempo, meu querido, só ele sabe de todas as coisas. e às vezes desconfio que nem ele sabe direito, então deixa nossas vidas de pernas para o ar. mas eu desejo que fiques. eu desejo que quando chegares eu possa te dar o abraço mais sincero de amizade. eu desejo que a gente ria e desanuvie dos problemas. eu desejo que algo novo te restabeleça para que possas continuar querendo enfrentar a vida. que os velhos amigos de uma vida te segurem, mas que as coisas novas te tragam sopros e mais sopros de esperança o tempo todo.
desejo isso a ti porque sempre desejo isso a mim. porque renascer não é fácil. porque ressurgir da lama muitas vezes exige ajuda. 
ser cigana, ter alma cigana também muitas vezes é uma coisa complicada, porque quem não é não conseguiria entender esse meu sentimento. podem me chamar até de masoquista. mas não há prazer maior em ver as pessoas que a gente gosta e que merecem nosso gosto sorrindo por nossa culpa.
eu te desejo sorrisos incontáveis e eu desejo fazer parte disso.
eu te espero voltar. eu espero voltares de teu refúgio espiritual necessário para que eu possa te dar aquele abraço dali de cima.
eu te desejo um pouco de mim em alguns dias teus porque eu vou te lembrar, quando precisares, que ser quem se é e gostar disso é a maior dádiva que podemos nos permitir.

eu assino o destino e desejo que assines também.

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