15.11.11

essa vida constante em encruzilhadas não me faz bem
sinto que a qualquer momento meu peito explodirá
e por que ainda nisso pensar?
não consigo parar de traçar planos para um futuro que não sei se virá
de forma escondida, há algum tempo comecei a pensar
num improvável reencontro, onde tudo tem cheiro de chuva
mas gosto de tarde num fim de raio de sol bom
como naquelas misturas que costumávamos ser
não aguento mais viver com esse passado me engolindo
e muito menos com esse futuro me esmagando
mas meus dias não parecem passar
às vezes sinto meu coração parar de bater
ainda não sei ao certo se é de verdade
às vezes acordo no meio do sono
com meu coração disparado ao pensar em ti aí
imaginar o que poderias estar vivendo
e é tão torturante quanto errado comigo mesma
em meio às palavras antropologicamente organizadas
ou em mais uma teoria jurídica já conhecida
eu vejo teu rosto e tua boca se mexendo
como quando discutíamos o futuro da humanidade
sempre através de uma técnica desmantelada de igualdade
e como podemos ser tão iguais
e tão incrivelmente diferentes?
quando é que morrerás em mim?
já faz tanto tempo que não te vejo...
já faz tanto tempo que te conheço...
tu ainda és tu?
e eu? ainda sou eu?
meu peito dói e cansa
e quando fico cansada, choro
e quando choro quero música
sabes que até nisso somos parecidos?

eu costumava tanto dizer que somos melhores juntos...
acho que poderíamos fazer tanta coisa juntos
só ainda não conseguimos fazer algo por nós
é inevitável não pensar num porquê
então eu deixo pra lá, acabo perdendo a voz...

estive tranquila e um tanto segura
mas, por algum motivo, cá estou novamente
é fácil dizer 'vou parar de fumar' e jogar fora os cigarros
difícil mesmo é não pegá-los de volta
pra, quem sabe, uma última tragada
que me perdoes por te comparar à tabaco
mas eu te inspirei, respirei, e perdi o fôlego...
de vez em quando parece que vai bater uma recaída

sei bem que sou mais uma
eu deveria sempre saber
e... como dizer?
é bem óbvio que estás tranquilo e seguro
tens um porto seguro em quem deitar
dormir, acordar, descansar
mas quando é que dela vais cansar?
porque isso é tão óbvio
ela ainda não sabe, mas é o que sempre fazes
e quando é tu vais te cansar?
parar de fazer tudo isso?
não sou meio, eu sou fim
não poderia nunca te trazer paz
eu não sou um utensílio doméstico com tarefa destinada
sou um ser humano de carne, osso e alma
tua paz que tanto caçaste em mim
e continuarás caçando por aí, em outras
está em ti
enxerga-te do lado de dentro e acharás
e daí, não te centres mais: que te expandas
já és egoísta o suficiente
agora olha para dentro e enxerga o que há de fora
eu estive te esperando e te querendo por tanto tempo
mas agora já passou da hora

dói começar a sonhar com nosso reencontro
e, ao mesmo tempo, ser obrigada a me acordar
tu não mudarás, não evoluirás...
e eu... bem... eu já terei ido embora desse lugar...

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