4.2.12

eu deixo um pouco pra me misturar


se eu pudesse me expressar agora, eu me expressaria com um suspiro... conheces bem essa minha cara com expressão um pouco fechada, olhos um pouco caídos - que podem sugerir tristeza, ressaca, cansaço, minha alergia comum ou mesmo uma febrinha, ou tudo junto -, a boca que se mexe sem falar nada... e os pensamentos que parecem sair de mim e que pareço ouvir mesmo sem puxar som, só ar. eu não sei nem o que falar direito, acho que deves agradecer a todos os deuses quando falo isso, porque sabes bem que as palavras que às vezes saem de mim são tão cortantes e amargas... estou vivendo de um jeito não antes experimentado de forma real e concreta, um dia após o outro, claro que penso em ti ainda, do mesmo jeito de sempre, todos os dias e noites... às vezes queria muito te dizer que mesmo de depois de tanto tempo sem ti, sinto vontade de te dizer que sinto tua falta, mas não essa falta que sinto, e sim aquela falta que sentia quando eu sabia que voltarias... agora não voltas. nunca voltas, e sinto tanta falta por isso! eu me arrependo tanto de algumas coisas, sabe? eu me arrependo de pensar que tu podes te arrepender e voltar... porque depois eu choro mansinho. que sei que não voltas. que sei que tá tudo bem... que sei que não voltarias para tua grande dúvida de sempre que sou, que fui... mas que não sou mais. exorcizaste-me (risinho de canto de boca) - mais uma vez. 'não te deixa levar', e me levar pra onde? eu não tenho mais pra onde ir. tua casa não é mais meu lar, teu destino não é mais o meu abrigo, e tuas mãos não são mais minha pele. não me sinto mais desesperada como outrora me senti. o que sinto agora é um sentimento de conformidade tão chato e tão óbvio... porque tudo é muito óbvio, né? é óbvio também que tende a passar... como tem melhorado bastante. e é por isso, acho, que vem esse chorinho por conta dessa música de preguiça que sabes que tanto gosto (até do chorinho lembro de nossas risadas). a verdade é que eu me sinto tão vazia quando vais. e faz 6 meses e poucos que me sinto vazia também quando vens. eu queria muito te fazer um carinho. mas mais que isso: eu queria muito receber teu carinho. saudade de quando me vias após o aeroporto, após acordar, após tomar banho: era sempre a mesma expressão: era como se tu estivesses sentindo minha falta o tempo todo: era como se, sem mim, não fosses tu. isso mudou um pouco, eu sei que não demonstras mais porque agora tens uma vidinha também um pouco mudada. só desculpa te dizer, não consegues todas as vezes. e é por isso que não paro de me (te) perguntar: por que dá essa vontade de se ver toda a vez? eu não quero teu sexo, eu só quero teu abraço. vou indo, deixando sempre um pedaço no caminho pra que tu não te percas, ou mesmo pra que, de repente, alguém me encontre: porque eu não tenho mais pra onde ser levada.

Um comentário:

  1. todos temos aonde ser levados. podemos não querer ir, ou acabar não indo de fato. mas sempre temos.. e lá, alguém sempre está com a gente. um amigo, um abraço sincero, uma mensagem que muda o dia. tenho certeza que todas as pessoas que foram (e ainda são) importantes pra gente deixam um vazio quando vão embora. um vazio que nunca é preenchido. que, felizmente, pra alguns, ele se torna uma lembrança boa. pra outros, fica sendo só essa dor chata que incomoda e não quer ir embora. mas temos (e somos) de ser fortes o bastante pra não abdicarmos de sorrisos por tristezas que não são nossas.

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