20.8.14

Sou

Descobri hoje que eu sou eu.
Não sou quem tu pensas que eu sou. Não sou a impressão que tiveste, nem a primeira, nem a segunda, talvez nem a centésima. Não sou tua expectativa. Não sou a mulher de teus sonhos. Tampouco sou a mulher de teus pesadelos. Não sou aquilo que queiras que eu seja. Não sou amável por aquilo que desejas. Não sou efêmera como deveria ter sido. Não sou eterna enquanto durar. Não sou o fantasma que pode ter te habitado. Não sou a sombra que anda ao teu lado. Não sou a fera que um dia te arranhou. Não sou a ferida que um dia me deixaste. Não sou um pedaço de carne. Não sou o teu sexo. Não sou a tua alma. Não sou teu corpo. Não sou tua. Não sou a pegada que deixei em teu caminho. Não sou o caminho. Não sou o amor. Não sou a dor. Não sou o abraço, nem o suspiro, nem o beijo, nem o gozo, nem o cheiro, nem a nuca, nem o nunca. Não sou o que deveria te ser nem o que deveria ter te sido e nem serei o que talvez devesse te ser.

Eu descobri hoje que eu sou apenas eu. Sou provavelmente tudo isso que também não sou. Mas sou tudo, não partes. Sou teu suor mas sou teu descanso, sou teu cansaço mas sou a paz, sou tua raiva mas sou teu sorriso. Uma pessoa só pode ser inteira.

sou a vida inteira em raio de sol e redemoinho.  vento grosso, chuva mansa, flor astral e corpo quente.

Hoje descobri que eu sou eu, dona de mim, e não o que tu desejas.

lide com isso do jeito que lhe aprouver.

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