28.8.14

pequeno quase tratado de um autoretrato acerca do amor, da liberdade e de um possível resultado

I
de tudo o que fiz, e de tudo o que sou, construída e desconstruída
por tudo ainda o que não fiz e o que ainda será
eu reafirmo minha tese de que o não poder me reprime
de que a proibição me destrata
e de que o querer ainda mata
mas não mata literal sempre
tem dias que mata quietinho, baixinho
e em outros grita feito bicho perdido no mundo
a política de meu corpo exprime minha política geral
o que sou dentro de mim aplico ao meu eu de fora
canto liberdade mesmo que ela seja complicada
é problematizada em mim mesma
porque a gente não entende que amor não é prisão
sentir é deixar ser o que se quiser
é deixar ir se assim se desejar
é não temer que a liberdade de se ir seja maior que o próprio amor
a evolução do amor, que é sua volta às origens, ao que era
amor livre, amor compreensivo
é muitas vezes uma chaga para mim
porque luto comigo mesma, pois absorvi a cultura que diz:
"é teu"
não possuo nada, não possuo ninguém
sou dona de mim mesma, apenas
por tudo o que já aconteceu nessa vida
eu quero clarear o pensamento e ter forças de dizer
sem choro, sem fim, sem mágoa
com um sorriso enorme e leveza no coração
não sou de ninguém, ninguém é meu
amo alguém, amo a liberdade, amo ser eu
estou aprendendo a amar
e quem não está, por favor, faça-o
o mundo talvez precise de mais amor
mas também de mais racionalidade

II
sinto saudade, bom saber que também sentes
sinto vontade, e aí às vezes me esqueço do resto
da vida de tão linda que tem sido
com todos os problemas, dilemas e algumas lágrimas
lembro que eu sou o que sou e me afirmo em mim
isso é importante para meu empoderamento
não nasci assim, tenho meu jeito
mas minha liberdade e minha autonomia são construções
que vieram quando me destruí e reergui-me
ser sozinha é difícil mas ainda é o mais fácil
a construção individual é libertadora e gratificante
mas pessoas são diferentes
aplicar o aprendizado é desafiador
mas é um bom exercício de empatia
sim, aplico-te, examino-me, observo-nos
amar também é exercício, desconstrução
é quebrar muros paradigmáticos enormes
vou descobrindo

III
por tudo o que sou, fui, serei e fiz, faço e farei
vou descobrindo

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