25.11.12

pega esta tua vírgula e desencaixa da metáfora
pois os pontos que te seguem não vieram das palavras
o silêncio que ensurdece te deixou uma mágoa
e os porquês das reticências amarram-se nas falas
deixa o sinestésico e me passa tua antítese
faço do impossível uma interrogação leve
solta teus erros que me fazem delirar
vai de ponto em ponto na áurea do expressar
toma-me e não me compara, só sente desatar
este grito que me explode não consigo mensurar
e vai exclamando uma aliteração inicial
determina uma letra que eu ponho num mural
dá-me teu sorriso e engole o ponto final
faz que vem e finge que vai e fica em meu peito
poetiza com os outros me fazendo te atentar
e nem me demoniza, pois isso é minha alma divinal
este prazer que declamo é a música que cantas
fazer vida do paradoxo sou eu diaba e santa
porque vamos ao inferno, mas continuamos no céu
e entre ambiguidades colocamos um coloquial
não há suspense quando hiperbolizamos algo natural
pega esta tua vírgula e encaixa um eufemismo
somente para dizer que há saudades sem ironia
que há prazer sem fim de texto
pega este final e me dá uma prosopopeia
que me afirme que se iniciou algo paradoxal

e que seja vírgula sempre, afinal


Um comentário:

  1. não digo que é o melhor, porque talvez eu não me lembre dos mais antigos, mas digo que é um dos melhores que já li. muito bom.

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