19.4.12

dizem que o ser humano é capaz de aguentar muitas batalhas. acrescento que assim deve ser e mais ainda: batalhas de uma guerra interminável. meu corpo aguenta algumas cicatrizes que vêm de feridas suportadas desde a alma. durante muito tempo, em um período de silêncio, em que palavras simplesmente não fluem e eu continuo tendo muito a falar, reflito sobre o que meu corpo e minha alma ainda podem suportar e, como numa reciclagem, eu me levanto e repito-me 'podes encarar'. não é que eu goste de me expor a grandes perigos, mas tenho que dar grandes empreitadas. vivo num ciclo semieterno de idas e vindas reflexivas, mudo de ideia de como fazer algo, mas dificilmente eu mudo de ideia quanto a esse algo. tento sobreviver a esse mundo cão de todas as maneiras benéficas possíveis que conheço - até porque já tentei sobreviver de algumas formas ruins - e assim vou seguindo. nunca pensei que não teria de quem sentir saudade concreta, quer dizer, eu sempre achei que o amaria para sempre, mas não. estou vazia. e sinto falta de amor, quem não sente? dá uma certa esperança para aqueles dias ruins, algo do tipo 'será que vou falar com ele hoje?'. entretanto, isso vai te sufocando de uma certa maneira que é melhor estar assim sem quase estar: vazia. o bom disso tudo - e eu sempre vejo o lado bom - é que um coração vazio está prontinho pra outra. mentalmente, não sei se estou, são muitos pequenos e alguns poucos grandes traumas. a verdade é que até quis querer, mas não deu. 'ele não soube jogar o jogo'. entre tantas batalhas que já aguentei, fico me perguntando até quando posso aguentar essa. já fui amor, já fui desamor, porém nunca fui anamor. sei lá. é tão estranho. eu queria cantar a alguém, sorrir a alguém, ir ao encontro de alguém, mas não há ninguém. só há eu mesma. e corro ao meu encontro todos os dias, pra ver se me entendo. digo, existem guerras, moléstias, violência, corrupção por aí. eu entendo isso, o assunto aqui é tão pouco prático e palpável, porque fico pensando que tô sendo bem egoísta ao acabar tentando me entender. ou não. tentando entender a mim mesma talvez possa entender outras pessoas. estou divagando. a questão é: sinto um pouco de saudade do que eu era: tão crente: achava tanto que havia amor de sobra e que as pessoas não enganavam as outras sem simplesmente se importar... mas elas enganam. e isso me torna uma descrente. e com essa descrença não há batalha pra vencer. eu simplesmente só assisto o jogo. permaneço calada. se soubesse rezar, rezando para que algo bom aconteça e eu possa, novamente, exaltar palavras que valham a pena.
sei lá, o não amor é bem diferente pra mim.

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