13.7.21

Insone

No desespero da insônia

Na mansidão dos olhos abertos

Da noite que se esvai

Do sono que retrai


Na imensidão de um só ser

Onde o silêncio é espinho

O desejo faz aparecer

De novo aquele moinho


Que sopra um furacão

Mesmo devendo ser calmaria

Fez temporal, chuva de verão

Derramou, ainda derramaria 


Ainda na noite o silêncio se quebrou

Com um barulho indecifrável 

No meio do calor inenarrável 

A garganta numa sede insuperável 


Nesse nada, nesse vazio

Um grito no meio da rua

Uma explosão a mais de mil

Um raio que me partiu


Suspiro, respiro e não acredito

Que ainda é verdade

Ainda sei escrever, resisto

Não tem luta na maldade


As palavras ao amanhecer 

Não são as mesmas de agora

O sintoma faz ferver

A febre passou da hora


Quando a claridão se fizer

Os olhos hão de esquecer

O sentir há de entardecer 


E mais uma uma vez

A alma chora


(escrevi em 15/04)

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