No desespero da insônia
Na mansidão dos olhos abertos
Da noite que se esvai
Do sono que retrai
Na imensidão de um só ser
Onde o silêncio é espinho
O desejo faz aparecer
De novo aquele moinho
Que sopra um furacão
Mesmo devendo ser calmaria
Fez temporal, chuva de verão
Derramou, ainda derramaria
Ainda na noite o silêncio se quebrou
Com um barulho indecifrável
No meio do calor inenarrável
A garganta numa sede insuperável
Nesse nada, nesse vazio
Um grito no meio da rua
Uma explosão a mais de mil
Um raio que me partiu
Suspiro, respiro e não acredito
Que ainda é verdade
Ainda sei escrever, resisto
Não tem luta na maldade
As palavras ao amanhecer
Não são as mesmas de agora
O sintoma faz ferver
A febre passou da hora
Quando a claridão se fizer
Os olhos hão de esquecer
O sentir há de entardecer
E mais uma uma vez
A alma chora
(escrevi em 15/04)
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