15.11.14

quem que eu sou?

olha, vou aqui falar uma verdade.
mas é uma verdade do tipo que me agonia e que de quando em quando me dá uma pontada na alma, de leve. mas o suficiente para me agoniar.

ser quem se é é a coisa mais difícil que pode ser.
e admitir alguma coisa para si mesma é um processo que demora muito tempo às vezes.
admitir que a situação que pensavas ter resolvido não foi resolvida. admitir que aquela amiga que sentes saudade talvez nem lembre de ti. admitir que o caminho que pegaste foi bom na hora mas agora se transformou em um pesadelo. admitir que não é só carne, é alma. admitir, pelo menos para mim, sempre foi um caminhar lento e problemático, talvez porque eu nunca precisei tomar grandes decisões na vida, até que precisei tomá-las.

tudo parece tão fácil enquanto a gente vai crescendo. eu não pensava, por exemplo, que estaria frustrada num trabalho. ou que lutaria tanto por uma causa que me faria ficar meio louca e depressiva. que não ter dinheiro numa sociedade capitalista me faria menos importante. eu nunca pensei nessas coisas. eu nunca pensei que adultecer fosse quase adoecer. e vou levando. tem dias que o tédio e a frustração - de que? ainda não descobri, se não, admitiria aqui. mas não sei mesmo - são tão grandes que choro. ah, eu choro sozinha, quietinha, tentando arranjar forças para que tudo isso passe e eu volte a ser eu mesma.

mas quem que eu sou??

todo dia, ainda, vou me descobrindo, e para ser sincera, achei que com vinte e cinco eu já saberia o que eu seria. mas eu me perdi tantas vezes. eu tento fazer as coisas guiadas pelo meu próprio querer, não pelo querer dos outros, mas será que meu querer não vai desaguar num mar que não possuo? é complicado desse jeito mesmo.

admitir sentir saudades: é o que me faz enlouquecer. e ao mesmo tempo ficar sã. admitindo, assim, não faço nada que possa me prejudicar e - creio eu - não prejudicar ninguém. quer dizer, com minhas mágoas e tristezas e melancolias eu mesma acabo lidando, às vezes grito um grito de socorro que apenas ecoa no vão do mundo errado, eu fiz isso, fiz há umas duas semanas, e, olha, vou te contar: espero nunca mais fazer. porque dói querer um abraço de quem não pode te dar.

e o que que faço??

eu vou vivendo dos abraços que tenho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário