28.9.14

Tateando.

Onde está meu sentir que não nas terminações nervosas nas pontas dos dedos? Eu te li, sem querer, percorrendo a vida social no mundo virtual e te senti: eu te senti em falta e em um filete de raiva. Raiva ainda pelos acontecimentos recentes e por saber que nada disso daria certo. Ou daria, caso quiséssemos. E a falta, a falta material que me fazes, teu toque, teu tato, tuas mãos.  Onde está meu tato? Onde está a vida que eu pegava com as mãos e que carinhava teu rosto, coberto de palhaçada, coberto de suor, coberto de uma máscara intransponível que nunca me disse exatamente o que eu era. Não é tua boca rosada que me diz o que sou, mas esperei muito tempo que me dissesses algo. E disseste que minha mão tateou a noite, afogou uma estrela e mordeu um retrato de nós dois, uma explosão meteórica de gozo e sorriso e que depois se transformou na depressão cósmica de um choro mufino. Ah, que falta me fazes e foi há exatamente 1 ano que estive na beirada da piscina cheia de folhas secas perto do mundo em que te escondes. E que vi! Vi uma estrela cadente naquele céu que não tinha fim, junto a uma alegria que também não tinha fim. Eu vi a estrela e de tão linda, lagrimei, e pedi: que ficássemos sempre juntos.

Esta estrela cumpriu meu desejo.
Não deixou mais que te fosses de mim.
E mesmo sem tato presente, eu te sinto: tuas mãos me sangram a alma e percorrem as veias, cor vermelha de teus lábios e teu nariz, tua cor, tuas mãos e as marcas em mim que ficaram. Falta tato. Faltam mãos. Falta. Eu te sinto ainda e que diabos! Estou lidando com a saudade do tato.

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